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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Oito e meio (8½) - 1963; a poesia de Fellini

Oito e meio (), lançado em 1963.
Um filme de Federico Fellini.
Uma das mais famosas obra de Fellini, um dos mais importantes diretores italianos, traz para o cinema a metalinguagem, explorando a crise de inspiração de um cineasta pressionado para começar a filmar. Um tanto autobiográfico, o filme claramente inspirou diversos outros diretores a filmarem as dificuldades de se criar uma obra, como o musical (também autobiográfico) de Bob Fosse, All that jazz, a incrível homenagem ao cinema de Truffaut, A noite americana, a releitura de , em forma de musical, o Nine de Rob Marshall, e até mesmo Adaptação e Sinedóque, Nova York, ambos escritos por Kaufman.

Guido (Marcello Mastroianni) está prestes a rodar seu proximo filme, mas ele não sabe o que vai filmar. Nisso o elenco o pressiona exigindo o roteiro, o produtor  - que ignorando a inexistência de uma história já investiu muito dinheiro nos cenários, elenco e publicidade - exige que cumpra os prazos, o casamento também anda mal e as amantes exigem atenção. Mergulhado nessa crise de meia idade ele visita o passado, misturando-o com o presente; misturando sonho e realidade tenta compreender a própria vida.

Guido é um alterego de Fellini, que no auge de sua carreira, com problemas de criatividade, usou essa dificuldade para criar um filme original (e o mais pessoal de sua carreira) e que acabou se tornando uma obra imortal. O filme também tem uma camada de surrealismo, já que Fellini explora o mundo dos sonhos. Muitas das cenas são sonhos de Guido, ou uma lembrança de seu passado. E são cenas incríveis, cheias de poesia. O elenco feminino cheio de rostos belíssimos passam a amargura, o ciúme, a paixão escondida, a sensualidade e a inocência de suas personagens de forma muito cativante (acho que em todo o cinema, nenhuma prostituta é mais memorável que Saraghina, interpretada Eddra Gale: engraçada, doce e muito pouco sensual). Mas nenhum ator se destaca mais que Mastroianni, que faz um homem sem rumo na vida e que não quer reconhecer isso. Cada fala deixa transparecer melancolia, incerteza.

A fotografia em preto e branco é belíssima. Os movimentos da câmera são suaves, quase imperceptíveis, e os cortes e closes muito naturais. O roteiro também é natural, praticamente não há excessos, tudo é necessário.
Numa só obra Fellini poeticamente homenageia o cinema, sua profissão, as mulheres. 

#ficaadica

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