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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) - 2013; ambição, sexo, drogas e o melhor de Scorsese e DiCaprio

O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street), lançado em 2013.
Um filme de Martin Scorsese.
Scorsese continua em boa forma. DiCaprio só cresce. O primeiro é uma lenda viva do cinema, que contribuiu significativamente para a história desse tipo de arte nos últimos 40 anos. O segundo é um dos melhores e mais versáteis atores de sua geração. Na última década eles trabalharam juntos algumas vezes, e em todas elas o resultado foi muito positivo. O lobo de Wall Street não foge disso, é um filme a ser lembrado, principalmente na carreira de DiCaprio. Só não é, definitivamente, para crianças.

No final dos anos 80, Jordan Belfort (DiCaprio) começa a trabalhar numa corretora de ações da rua Wall Street. Seu chefe (Matthew McConaughey) lhe ensina os segredos para se dar bem e ganhar muito dinheiro (além de dar conselhos estranhos também). Eventualmente a emprese quebra, mas ele consegue emprego numa outra corretora, onde, com seu talento para mentir, ele forma uma fortuna. Nisso ele conhece Donnie (Jonah Hill) e os dois criam a Stratton Oakmont, que cresce rapidamente. Acompanhamos então sua vida de luxo, drogas e sexo.

O filme é baseado nos dois best-sellers de Belfort, que ficou preso por 22 meses, condenado por fraudes no sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Aqui Scorsese mostra uma vez mais o porquê de ser tão admirado. Sua nova obra é brilhante. Narrando a vida conturbada do protagonista, ele cria um filme de humor negro muito engraçado e despudorado.
A ousadia de mostrar cenas e mais cenas de usos de drogas, crimes de colarinho branco e orgias acabou, porém, lhe rendendo críticas negativas; além de ser acusado de ser conivente com os crimes do protagonista (já que a vida criminosa de Belfort é mostrada com certa elegância e as vítimas dele nunca são mostradas). Não há estupidez maior que esta acusação.

Aqui numa de suas mais incríveis obras, com o roteiro adaptado por Terence Winter e edição de Thelma Schoonmaker (a montadora acompanha o diretor há três décadas), Scorsese brinca com a moral decadente de seu personagem. Sua crítica ao estilo de vida criminoso está implícita (ou nem tanto) na ironia com que conduz a trama. Aliás, em toda sua carreira, ele fez filmes sobre os homens e seu caráter, criticando os desvios de conduta não diretamente, mas os retratando de forma despretensiosa, deixando a cargo do público o julgamento. Ele revisita toda sua obra, especialmente Os bons companheiros, e mistura gêneros.
Seu já conhecido estilo de mostrar com elegância a violência e crimes, é levemente deixado de lado. Apesar de praticamente não haver violência no sentido mais cru da palavra, o personagem de DiCaprio é mostrado em toda sua decadência de caráter, nutrida pelas drogas e pela ganância.

O ator já participara de papel semelhante antes. No Prenda-me se for capaz de Spielberg ele é um golpista que seu bem através do talento para mentir e criar uma nova realidade em torno de si. Coisa muito parecida acontece agora, só que o ator está mais maduro e faz um trabalho ainda mais incrível. Com muita ganância e sem remorsos por lesar as vítimas, Belfort enriquece muito rapidamente. Ele próprio narra sua vida, conversando com o público às vezes. Muito viciado em todo tipo de droga e mulherengo, ele se mete nas mais variadas falcatruas. Naturalmente há exageros e incertezas no relato, que são reproduzidos na trama, o que aumenta o bom humor negro que conduz a obra. A realidade da mente do personagem e sua estupidez é o que temos. Tanto que às vezes o mesmo fato precisa ser recontado.
Jonah Hill também é importantíssimo, seu personagem se espelha em Belfort (no que diz respeito à ganância e uso de drogas) e é o mais engraçado do filme. Rob Reiner também é cômico e a pequena passagem de McConaughey é incrível.

The wolf of Wall Street é rápido, frenético, engraçado e sujo. É um legítimo Scorsese.

#ficaadica

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