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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Nebraska (idem) - 2013; tempo de perdoar

Nebraska (Nebraska), lançado em 2013.
Um filme de Alexander Payne.
Com Nebraska, Alexander Payne volta a ser indicado ao Oscar de melhor diretor. E a película concorre ao de melhor filme. Agora, uma vez mais, ele volta a falar sobre a família contemporânea e suas desilusões, misturando um drama despretensioso com toques de humor. Mas desta vez o resultado saiu um pouco mais maduro, dinâmico e engraçado (e mais  tocante também) que outros de seus filmes de sucesso, como Os descendentes.

Woody Grant (Bruce Dern) é um velho já meio senil e alcoolatra que acredita que ganhou um milhão de dólares. Na verdade ele tem apenas uma propaganda de assinaturas de revistas em mãos, mas nem os filhos nem a esposa conseguem tirar isso da sua cabeça. Teimoso, ele tenta por diversas vezes seguir a pé até a capital de Nebraska, estado vizinho ao seu, para resgatar o prêmio. Depois de ser encontrado caminhando sozinho pela estrada diversas vezes, um de seus filhos decide levá-lo até lá, para acabar com a teimosia do pai e passar algum tempo com ele.
Uma escolha interessante na concepção deste filme, foi a de filmá-lo em preto e branco. A fotografia é excelente, bela e crua, mostrando os cenários como são, sem procurar meios de torná-los mais agradáveis. Mas também acrescenta uma dramaticidade. O filme é sobre relações humanas. Relações que deram erradas. E deram erradas, entre outras coisas, por culpa do vazio e monotonia existentes na vida das pessoas envolvidas. O preto e branco deixa isso mais explícito.
Mas a fotografia também é uma visita ao passado. Além da monocromia, Payne usa alguns outros recursos de filmagem hoje em dia esquecidos, mas que na primeira metade do século XX foram largamente utilizados, como as fusões de cenas. Só que também a trama é recheada de vida passada, de boas lembranças do passado a mágoas inesquecidas.
Sem cenas sentimentais e grudentas, Payne mostra pai e filho numa última tentativa de aprofundarem um pouco a relação superficial que possuem. Os dois são fracassados na vida e nos relacionamentos, em parte pelo problema com a bebida que ambos enfrentam. Muito disso não está nas palavras que trocam, mas escondido em seus gestos e olhares. Bruce Dern está incrível. Seu personagem é um velho já meio caduco e desmemorado, que por culpa de idade caminha desengonçado. Calado mas teimoso ele deixa transparecer bem que sente uma certo remorso pela vida que levou. Vida esta que o público pode apenas supor, não é de fato mostrada. Will Forte é o filho sem graça que teme ficar que nem o pai.
Já June Squibb é a mãe desbocada, amargurada e incoveniente, cruelmente sincera. Apesar de ser um tanto desagradável, é a mais engraçada de todo o filme, a que mais lhe acrescenta leveza. Mesmo reclamando de tudo deixa transparecer seu amor pelo problemático marido e pelos filhos. Como ela mesma diz, é a mais ajuizada da família.
Nebraska é humano, comovente e divertido. Sua simplicidade é seu maior charme. Mas acho pouco provável que leve o carequinha dourado mês que vem.
#ficaadica

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