Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club) - 2013; tentando sobreviver

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club), lançado em 2013.
Um filme de Jean-Marc Vallée.
Este é mais um daqueles filmes "mais ou menos", mas que de tão bem atuados você acaba se apaixonando. Apesar de seus deslizes, a obra nunca cai. Matthew McConaughey e Jared Leto não permitem a queda. O primeiro tem consolidado sua carreira (que não era muito boa) nos últimos anos. O segundo, que também é vocalista de uma tal 30 Seconds to Mars, era conhecido por ser não mais que um astro teen, que como ator participara de alguns papéis sem destaque. Essa "volta por cima" os colocou como, talvez, os favoritos ao Oscar, depois de já terem recebido outros prêmios.

Praticamente no mesmo período no qual a AIDS foi descoberta, no início dos anos 80 (e que por isso mesmo a doença não era bem entendida e era alvo de um preconceito ainda maior que o que existe hoje), em Dallas, o vaqueiro e eletricista Ron Woodroof (McConaughey), que vivia numa vida de pequenos golpes, drogas e sexo, é diagnosticado com a doença, e recebe a notícia de que só deverá viver por mais um mês. Abalado pelo medo da morte, ele começa a contrabandear medicamentos em estado de teste, lutando para sobreviver. Logo ele começa a vender os medicamentos para outros soropositivos.

Um dos acertos do filme é o tom com que é conduzido. Enredos que envolvem doentes em estado terminal, num jogo entre vida e morte, tem carga dramática muito fácil de ser levada para o melodrama e o grude. Mas Vallée faz um filme cru, num tom de documentário (até porque Ron de fato existiu), que é acentuado por algumas passagens sem trilha sonoras e pela ótima fotografia: fria e estéril. Mas esse distanciamento não faz da obra menos amarga, chocante e comovente. 
Além disso, o diretor fez foi cagadas. Primeiro pela superficialidade com o qual o assunto da exploração das indústrias farmacêuticas - e dos desfavores da FDA e do governo - foi tratado. Segundo por não ter explorado ainda mais os personagens, mostrar um pouco mais deles. Em vez disso ele estendeu demais a duração do filme e o encheu de cenas desnecessárias. O fluxo com que tudo acontece também é bem irregular e a montagem deixa isso claro.

Porém essas manchas são maquiadas pelos atores. Matthew, que já fora galã, perdeu um punhado de quilos e aparece magérrimo e debilitado. A princípio desagradável e antipático (mas ainda assim engraçado), o sofrimento causado pela sua vida inconsequente o conduz por uma trilha de expiação, que incrivelmente nunca soa forçada, até porque a remissão não era seu objetivo, foi consequência. Antes homofóbico, ele se torna amigo dum travesti, Rayon (Leto). Leto também perdeu algum peso, e choca pela decadência de seu personagem, que nos presenteia com cenas engraçadas e outras dolorosas e profundamente humanas. A ovelha negra do elenco é Jennifer Garner como uma médica insossa.

No final das contas o filme é muito positivo. Sua humanidade e elenco são memoráveis. E mesmo não tão bem, ele consegue denunciar um pouco do descaso em que doentes podem viver, levantar debates sobre temas importantes, como liberdade e discriminação, e promover uma mensagem contra o preconceito. Ainda assim, minha torcida continua com Ela.

#ficaadica

2 comentários:

  1. Otima crítica Flávio, realmente esse filme se vende pelas atuações, em relação ao jared leto eu nunca achei ele um grande ator mas ele ja fez no mínimo 2 filmes bons, requiem para um sonho e senhor das armas. E continue assim veio esse blog esta cada vez melhor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estes dois filmes que você citou... infelizmente ainda não assisti nenhum, só tinha ouvido falar de O senhor das armas.

      Obrigado pelo elogio, cara.

      Excluir