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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Ela (her) - 2013; ficção científica estudando as relações humanas

Ela (her), lançado em 2013.
Um filme de Spike Jonze.
Spike Jonze  é conhecido pelas suas ficções, em especial por filmar dois roteiros de Charlie Kauffman, Adaptação e Quero ser John Malkovich. Agora com um roteiro próprio ele conquistou o público, a crítica e alguns prêmios, mais as cinco indicação ao prêmio da Academia, que incluem o de melhor filme e o de melhor roteiro original para Ela, que é estrelado por Joaquin Phoenix.

Num futuro indefinido (mas, claramente, não muito distante) Theodore (Phoenix) é um escritor de cartas sob encomenda que passa por um longo período de melancolia, sobretudo pela recente separação da esposa e pelo desgaste que o processo de divórcio está lhe causando. Uma grande empresa de softwares lança um sistema operacional inteligente; tão inteligente que tem pensamentos próprios, personalidade, criatividade e até emoções, sendo capaz de aprender coisas  novas e mudar seu modo de ser à medida que "vive". Theodore adquire um. Samantha é o nome do seu sistema, que usa a voz de Scarlett Johansson. Aos poucos Theodore se apaixona por Samantha.

Se você tem previsões apocalípticas ao ver como os seres humanos andam se ligando a relacionamentos virtuais e que preferem conversar pelo Facebook a pessoalmente, her é um verdadeiro pesadelo: máquinas passam a se relacionar diretamente com os humanos. Pessoas se tornam amigas e amantes de programas de computador, o que, assustadoramente, nem chega a chocar a sociedade.
Essa loucura toda (porém fácil de ser acompanhada e compreendida, diga-se já) é fruto do brilhantismo de Spike Jonze, pela primeira vez com um longa de um roteiro seu e que de modo bem humorado e sensível explora e filosofa sobre a solidão humana e nossa relação com as máquinas. E o maior êxito da obra está justamente no texto. Ainda que a interação homem/máquina e a inteligência artificial seja um tema antigo no cinema, Jonze consegue criar uma história original e inteligente. Mas sobretudo humana e crítica.

Mas se um dos protagonistas é apenas a voz de um computador, o filme ainda é humano e sensível como poucos. Provavelmente num dos melhores trabalhos de sua bela carreira, Joaquin Phoenix chega a chocar pela leveza com que carrega seu papel. Ele sofre, mas permanece sereno. E em seu olhar vemos mais que tristeza e solidão, vemos também o brilhantismo e a sensibilidade que usa em seu trabalho de escrever cartas num tempo de emails e vida agitada.
Surpreendente também é o que faz Scarlett Johansson. Ela pode não ser a atriz mais brilhante de sua geração, mas ela não é apenas um rostinho bonito (e um corpinho também) como alguns dizem. Ela tem competência e talento para a atuação. Em her ela não aparece nunca, apenas ouvimos sua voz. A emoção que a atriz transmite em sua fala é para envergonhar muitos dubladores profissionais por aí. Eu queria ter um computador que conversasse comigo com aquele timbre e tom de voz.
O papel de Amy Adams também contribui na trama, bem como a rápida mas importante aparição de Olivia Wilde.

 Jonze mais uma vez mostra que sabe conduzir um filme, e além da bela direção a obra apresenta uma fotografia fantástica e uma cenografia e uma trilha sonora interessantes. Já o roteiro deixa a cargo do espectador julgar o quão bom seria para a raça humana ter para si inteligência artificial e o quão sinceras são as emoções dos sistemas operacionais do filme. E se eles foram programados para sempre agradar os donos, tentar seduzi-los e fingir sentir prazer? Será mesmo saudável uma relação com essa? São dúvidas que alimentam a reflexão sobre essa velha temática. Outras não são exploradas diretamente mas que podem ser pensadas depois do filme; por exemplo, qual a questão moral envolvida em deletar um SO se ele, assim como os humanos, tem emoções e pensamentos? Não seria uma espécie de assassinato? 
No fundo, o filme de Jonze nos pergunta o que será feito de nossa espécie.

#ficaadica

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