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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Duas Mulheres (La Ciociara) - 1960; tempos difíceis

Duas Mulheres (La Ciociara), lançado em 1960.
Um filme de Vittorio De Sica.
O Brasil e o resto do mundo, exceptuando-se, claro, os Estados Unidos, lamentou quando em 1999 Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de melhor atriz por Central do Brasil, perdeu o prêmio para Gwyneth Paltrow. Decepção semelhante tivemos este ano quando Emmanuelle Riva perdeu a estatueta para Jennifer Lawrence. Em ambos os casos, a maioria absoluta do público e da crítica achou injusta a escolha. Em ambos os casos as atrizes foram prejudicadas por falarem línguas latinas e estrearem filmes de língua não inglesa. Em apenas duas ocasiões o prêmio ultrapassou a barreira da língua, e a primeira foi em 1962, quando a italiana Sofia Loren levou o prêmio por Duas mulheres, do diretor Vittorio De Sica, um dos diretores precursores do neo-realismo italiano, que assina o clássico Ladrões de bicicleta. A segunda, mais recente, foi a premiação de Marion Cotillard para Piaf - Um Hino ao Amor.

Durante a II Guerra a viúva Cesira (Loren) e sua filha Rosetta vivem em Roma, onde administram um armazém. Diante dos bombardeios que a cidade recebia, Cesira decide abandonar a capital durante algum tempo, levando a filha para o interior da Itália, onde ela própria havia nascido e crescido. Com dificuldade e depois de quase serem mortas elas chegam ao destino, onde um homem de ideais comunistas, Michele (Jean-Paul Belmondo), se apaixona pela viúva.

La Ciociara é baseado no romance homônimo de Alberto Moravia. Seu ponto mais notável é o trabalho de Loren, que levou seu nome ao reconhecimento internacional. Com muita naturalidade (embora, claro, nos anos 60 o cinema ainda tinha vestígios das interpretações teatrais, um tanto exageradas) ela dá vida a uma jovem mulher, muito forte e determinada, quase inabalável, cujo maior propósito é proteger o que mais ama, a filha. Sua coragem é tanta que chega a ameaçar oficiais fascistas com uma pedra. É a fera protegendo a prole.

Ambientado na Itália da II Guerra, De Sica nos mostra a guerra do ponto de vista da população, com todos os problemas que o conflito trouxe para o povo, bem como a divisão interna da população: uma parte politicamente ativa, defendendo o fascismo ou alguma outra ideologia, e a maioria indiferente a tudo, desejando apenas o fim do conflito, da violência, da fome. Ninguém é, exatamente, um herói ou um vilão, apenas pessoas a seguir uma ideologia política. Essa não divisão entre "bem e mal" ficará clara no dramático episódio dos muçulmanos: forças aliadas fazendo mal para a população civil. A belíssima fotografia em preto e branco sempre cria planos dos planaltos italianos, mostrando a desolação e medo que existe neles, e sempre valoriza Loren. La Ciociara é um filme que merece ser assistido.

#ficaadica

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