Um filme de Olivier Dahan.
Nas 85 cerimônias do Oscar, em apenas duas ocasiões uma atriz atuando num filme de língua não inglesa conseguiu a estatueta de melhor atriz principal, mesmo tendo havido várias indicações. Não é difícil imaginar os motivos para esse protecionismo. Por isso você já deve imaginar que se a francesa Marion Cotillard tirou o prêmio das mãos de Cate Blanchett, Laura Linney, a lendária Julie Christie e do aclamado trabalho de Ellen Page em Juno, ela deve ter dado uma aula de atuação. E deu mesmo. La momê é a cinebiografia da cantora francesa Édith Piaf, que fez sucesso em meados do século XX.
Conhecemos a miserável infância de Édith, ignorada pela mãe e com o pai ausente lutando na I Guerra; a sua conturbada juventude; a dura ascensão de sua carreira, os dramas pessoais, o declínio e a morte.
La momê é um filme sentimental, que claramente nos tenta fazer sofrer. Mas diferente de um melodrama qualquer ele se sustenta nessa ambição por ser um relato real. Toda a vida de Édith foi marcada pela solidão. Passou fome, quase ficou cega, em poucas ocasiões conseguiu ternura. E na maioria delas foi duramente arrancada das pessoas que lhe deram carinho. Se já não bastasse essa história amarga, Olivier ainda trabalha mais nos pequenos dramas, acentuando a dor e estendendo demais o filme. Eis os problema de Piaf.
Por outro lado o filme acerta em cheio nos figurinos, na cenografia impecável, na maquiagem impressionante - capaz de envelhecer com sinceridade - e na fotografia que acompanha o humor da protagonista ou a tragicidade da cena: varia da fria e cinzenta, chega a ser cálida em ambientes internos e durante as apresentações em palco, e em poucas ocasiões fica alegre e colorida.
A trama é construída por recortes do presente e por flashbacks, mesmo assim ela flui sem problemas e o diretor mostra que sabe o que faz. A trilha sonora é constituída principalmente pelas gravações originais da cantora, e também são imprescindíveis para o sucesso da obra. O epílogo é memorável, com uma música bem apropriada.
Mas o pilar mesmo é Cottilard. Perfeita. Ela personifica Édith, se entrega profundamente ao papel. Cada mínimo gesto, cada expressão, cada sorriso, são extremamente convincentes.
Piaf vive bêbada, tem algum senso de humor - as vezes é extrovertida- e morrerá prematuramente devido ao excesso de morfina. Ela anda meio encolhida, tímida, melancólica; carrega dentro de si muita dor e desilusão. Mas quando ela canta todo esse sentimento é transmitido em sua arte, sua música.
A vida de Édith Piaf foi uma canção triste. E o filme sobre a vida dela é uma das melhores cinebiografias que já assisti.
#ficaadica
Marion Cotillard está, sem sombra de dúvidas, soberba no papel... o que confirma a máxima dentro da academia: é só uma atriz ficar feia, que ela leva a estatueta...
ResponderExcluirE um aviso aos navegantes: Se você não conhece Edith Piaf, pesquise sobre ela antes de ver o filme... senão, corre o risco de você achar que Marion Cotillard é uma Edith Piaf, bem melhor do que a própria foi.
Não acho que baste ficar feia, até porque a maioria das ganhadoras não necessariamente interpretavam mulheres feias, pelo contrário, a maioria usava pouca maquiagem.
ExcluirAgora isso de achar que Cotillard ficou mais parecida com Edith que a própria Edith é mesmo muito possível. :-)