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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme) - 2007; dor e arte

Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme), lançado em 2007.
Um filme de Olivier Dahan.

Nas 85 cerimônias do Oscar, em apenas duas ocasiões uma atriz atuando num filme de língua não inglesa conseguiu a estatueta de melhor atriz principal, mesmo tendo havido várias indicações. Não é difícil imaginar os motivos para esse protecionismo. Por isso você já deve imaginar que se a francesa Marion Cotillard tirou o prêmio das mãos de Cate Blanchett, Laura Linney, a lendária Julie Christie e do aclamado trabalho de Ellen Page em Juno, ela deve ter dado uma aula de atuação. E deu mesmo. La momê é a cinebiografia da cantora francesa Édith Piaf, que fez sucesso em meados do século XX.

Conhecemos a miserável infância de Édith, ignorada pela mãe e com o pai ausente lutando na I Guerra; a sua conturbada juventude; a dura ascensão de sua carreira, os dramas pessoais, o declínio e a morte.

La momê é um filme sentimental, que claramente nos tenta fazer sofrer. Mas diferente de um melodrama qualquer ele se sustenta nessa ambição por ser um relato real. Toda a vida de Édith foi marcada pela solidão. Passou fome, quase ficou cega, em poucas ocasiões conseguiu ternura. E na maioria delas foi duramente arrancada das pessoas que lhe deram carinho. Se já não bastasse essa história amarga, Olivier ainda trabalha mais nos pequenos dramas, acentuando a dor e estendendo demais o filme. Eis os problema de Piaf.

Por outro lado o filme acerta em cheio nos figurinos, na cenografia impecável, na maquiagem impressionante - capaz de envelhecer com sinceridade - e na fotografia que acompanha o humor da protagonista ou a tragicidade da cena: varia da fria e cinzenta, chega a ser cálida em ambientes internos e durante as apresentações em palco, e em poucas ocasiões fica alegre e colorida.
A trama é construída por recortes do presente e por flashbacks, mesmo assim ela flui sem problemas e o diretor mostra que sabe o que faz. A trilha sonora é constituída principalmente pelas gravações originais da cantora, e também são imprescindíveis para o sucesso da obra. O epílogo é memorável, com uma música bem apropriada.

Mas o pilar mesmo é Cottilard. Perfeita. Ela personifica Édith, se entrega profundamente ao papel. Cada mínimo gesto, cada expressão, cada sorriso, são extremamente convincentes.
Piaf vive bêbada, tem algum senso de humor - as vezes é extrovertida- e morrerá prematuramente devido ao excesso de morfina. Ela anda meio encolhida, tímida, melancólica; carrega dentro de si muita dor e desilusão. Mas quando ela canta todo esse sentimento é transmitido em sua arte, sua música.

A vida de Édith Piaf foi uma canção triste. E o filme sobre a vida dela é uma das melhores cinebiografias que já assisti.

#ficaadica

2 comentários:

  1. Marion Cotillard está, sem sombra de dúvidas, soberba no papel... o que confirma a máxima dentro da academia: é só uma atriz ficar feia, que ela leva a estatueta...

    E um aviso aos navegantes: Se você não conhece Edith Piaf, pesquise sobre ela antes de ver o filme... senão, corre o risco de você achar que Marion Cotillard é uma Edith Piaf, bem melhor do que a própria foi.

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    1. Não acho que baste ficar feia, até porque a maioria das ganhadoras não necessariamente interpretavam mulheres feias, pelo contrário, a maioria usava pouca maquiagem.

      Agora isso de achar que Cotillard ficou mais parecida com Edith que a própria Edith é mesmo muito possível. :-)

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