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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Maria Bethânia - Maricotinha Ao Vivo - 2002; a apoteose

Já que o blog se chama "O que assistir hoje à noite?", me atrevi a resenhar um DVD musical - que afinal, também é para se assistir, mesmo que a melhor parte seja ouvir. Espero que gostem da novidade.

Maricotinha Ao Vivo, lançado em 2003. Apresentação ao vivo de Maria Bethânia.
Direção de Fauzi Arap. Gravado em novembro de 2002 no Canecão; Rio de Janeiro.
É possível não se apaixonar perdidamente por Bethânia depois de vê-la cantar "Casinha Branca", sentada num degrau do palco, com um sorriso de orelha a orelha? Ou depois de vê-la cantar "Baila Comigo", de Rita Lee, se deitando esparramada no chão durante o verso "e tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol..."? 

Maricotinha ao Vivo é a estréia da cantora numa gravadora independente onde ainda hoje persiste, a Biscoito Fino. Mas mais importante que isso é a comemoração de 35 anos de carreira da baiana. O DVD junta dois espetáculos feitos na mais famosa casa de shows do Rio, o Canecão; onde a mais inoxidável voz da MPB mostra o porquê de ser considerada, por muitos, a maior intérprete da história da música brasileira.

O disco possui quase 50 faixas, entre canções e poesias. Ela empresta sua voz e dá vida a poemas de Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, entre outros, intercalando os versos com músicas. Isso, apesar de dar toda uma magia ao show, por vezes incomoda, como quando ela canta Fotografia, de Tom Jobim, declama um poema, e só então solta o último verso da música. Mas nós a perdoamos quando ela, em seguida, inicia Anos dourados, também de Jobim.
Os ouvidos mais atentos perceberão um trecho de Não quero ver você triste, de Roberto Carlos, antes dela se meter a cantar Nossa Canção, música imortalizada em sua voz. Outros grandes sucessos de sua carreira estão no disco, como Álibi (Djavan), Fera Ferida (Erasmo e Roberto) e Negue (Adelino Moreira).


Bethânia, além da MPB, oscila entre o samba e o pop-rock, passando pela bossa e dando feições nordestinas ao arranjo de algumas músicas. Ela resgata músicas velhas mas também prova que nem tudo está perdido, interpretando músicas recentes (para a época do show) como Depois de ter você e Pra rua me levar, esta última de Ana Carolina. Do irmão Caetano Veloso, temos O quereres, que leva o público ao derílio.
Passa por Gilberto Gil (Se eu morresse de saudade, cantada com perfeição), Gonzaguinha (Festa), Dorival Caymmi, que assina MaricotinhaSábado em Copacabana - que ela canta antes de fazer uma declaração de amor ao compositor baiano e à praia de Copacabana - e chega até em Cazuza em Todo amor que houver nessa vida, uma das melhores interpretações da noite. De Chico Buarque ela canta músicas como Apesar de você, Rosa dos ventos, De todas as maneiras e Sob medida.

Liderada por Jaime Alem (arranjos, regência, teclado, violão), a banda é formada por João Carlos Coutinho (piano e sanfona), João Castilho (guitarra), Rômulo Gomes (baixo), Marcio Mallard (violoncelo), Bernardo Bessler e Ricardo Amado (violinos), Carlos Bala (bateria) e Reginaldo Vargas (percussão). Todos músicos de primeira, que não decepcionam durante o show.

Além de ser a voz mais inconfudível do Brasil (pode fazer o teste, qualquer pessoa, mesmo que não conheça praticamente nada dela, mesmo que não goste de MPB, é capaz de reconhecer sua voz, que não se asemelha a de mais ninguém), Bethânia também é uma das cantoras com mais presença de palco e carisma. Ela bate o pé e parece dizer "esse palco é meu", ajeita seus cabelos rebeldes e parece estar a dizer "estou viva". Mesmo inerte, apenas a cantar, ela enfeitiça o público. E o mais bonito de tudo é o sorriso que ela exibe o show inteiro, entre as músicas, e principalmente enquanto canta. 

Em Maricotinha ao Vivo Maria Bethânia oficializa sua apoteose, e prova que já está entre os imortais.

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