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domingo, 20 de outubro de 2013

A fita branca (Das weiße Band) - 2009; violência gera violência

A fita branca (Das weiße Band), lançado em 2009.
Um filme de Michael Haneke.
Os trabalhos de Michael Haneke são marcados pela crueza com que expõe os fatos. São filmes densos, perturbadores, sem trilha sonora, distantes, arrastados. Nada de floreios, nada de misericórdia. A fita branca, uma de suas mais aclamadas obras, vencedora da Palma de Ouro em Cannes e de um Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, segue essa receita. Belo e perturbador.

Um narrador nos conta fatos que presenciou. Às vésperas da I Guerra Mundial, numa vila alemã, algumas crianças crescem inseridas num ambiente marcado pelo controle moral e religioso, pela autoridade patriarcal e por uma hierarquia social. Alguns eventos estranhos começam a ocorrer, como ataques violentos a duas crianças e um médico que quase morre depois de seu cavalo tropeçar num arame propositalmente colocado em seu caminho. O narrador é o professor das crianças e ele tenta desvendar os mistérios.

Entre as inúmeras causas que impulsionaram a II Guerra, estava o sentimento revanchista da Alemanha, que havia perdido a Primeira. Isso, somado a um forte nacionalismo alemão, permitiu a propagação da ideologia nazista. Mas na visão de Haneke antes do primeiro conflito já se instalava um clima favorável ao nazismo e ao holocausto. 
O título do filme se refere a um símbolo de pureza adotado na trama como forma de castigo. Uma pureza que já não existe e que a própria fita ajuda a eliminar. Rodeados de atrocidades cometidas pelos adultos, muitas vezes em nome de uma moral e de um fé tolas (que ao invés de educar gera medo e frieza) e repreendidos com violência por pequenas falhas, as crianças, futura geração nazi, crescem carregadas de ódio e intolerância. 
A bela fotografia em preto e branco, a ausência de trilha sonora, a lentidão no qual o filme se desenvolve, a distancia da câmera; tudo isso intensifica a frieza do filme. O tema é universal, estamos na Alemanha mas poderia ser qualquer outro país, violência sempre gera mais violência. As respostas não nos são dadas, cabe a cada um sua própria interpretação. Mas o filme de Haneke é tão distante, tão pessimista, que de certa forma parece estar não a denunciar, mas a ser um cúmplice de tanta crueldade.

De Michael Haneke só conheço o filme acima e Amor; mas lendo um pouco sobre esse polêmico austríaco soube que sua obra é marcada por filmes sobre a violência. A fita branca mostra uma visão pessimista do diretor, que parece acreditar na ideia de que o ser humano é ruim por natureza. Compreendi, então, que Amour, de certa forma, é uma espécie de redenção do cineasta pois, apesar de denunciar alguns problemas sociais, é muito mais humano, mostra que pode existir amor e compaixão entre os seres humanos.
Embora a tese de Haneke possa ser equivocada, seu filme merece ser assistido; seja bela fotografia, pelas atuações infantis notáveis, pela trama intrigante que não dá respostas fáceis ou pelo estilo peculiar do diretor filmar.

#ficaadica

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