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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Capote (idem) - 2005; o processo de criação de um romance policial

Capote (Capote), lançado em 2005.
Um filme de Bennett Miller.
Philip Seymour Hoffman é um dos mais versáteis e competentes atores de seu tempo. Em Capote ele faz uma personificação do autor Truman Capote, durante um período de sua vida em que escreveu um de seus maiores sucessos, o livro "A sangue frio". O que Hoffman faz com a voz, tornando-a analasada e afeminada, e sua atuação num geral, é inacreditável, a naturalidade e espontaneidade que ele conserva mesmo na pele de um homem singular em roupas extravagantes. O trabalho rendeu-lhe um Oscar.

Estamos em 1959 e Truman Capote, numa manhã, lê no jornal sobre o assassinato a tiros de quatro pessoas de uma mesma família no interior do Kansas. Fascinado pela história ele decide documentá-la, e para isso vai para a cidade onde ocorreu o crime acompanhado da escritora Harper Lee (autora de "To kill a Mockingbird", que foi adaptado em O sol é para todos). Chegando lá eles se colocam a entrevistarem pessoas. Eventualmente os suspeitos confessos são capturados e julgados, condenados à pena de morte. Por meio de suborno o escritor passa a ter acesso à cela e sua atenção se prende a um dos criminosos em específico, Perry. Numa corrida contra o tempo e contra processos da justiça, o livro vai sendo escrito e uma amizade peculiar e conturbada se desenvolve entre os dois.

Capote é um filme frio e escuro, de uma melancolia feia e pesada, que gera uma espécie de thriller poderoso e elegante. A relação entre Perry e o escritor - que se não foi romântica, ao menos leva a crer nesse sentimento por parte de Truman - é incomum: o criminoso vê em Capote uma chance de não ser morto, e o escritor, por sua vez, vê nele uma mina de ouro. E é justamente sobre isso que o filme tanto fala, um homem que em favor da criação artística sacrifica parte da sua humanidade. Capote sabe que tem diante de si um assassino, mas nos olhos dele apenas vê solidão e medo, alguém parecido com si, que teve uma infância difícil. Ele se torna amigo de Perry (e em menor grau, também do outro assassino), mas no fundo quer revelações que possam ser usadas para o livro, além de desejar a condenação deles, pois isso daria o livro por encerrado. Muitas das cenas possuem sua sobriedade fortalecida por um silêncio fúnebre. 

Não é um filme fácil. A experiência devasta Capote (que depois do sucesso de A Sangue Frio nunca mais escreveu) e apressa sua morte por alcoolismo. No decorrer dos seis anos que leva para terminar seu livro ele trai e manipula algumas pessoas. Uma experiência dura que o autor várias vezes, mais tarde, descreveu como terrível.

#ficaadica

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