Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

domingo, 19 de abril de 2015

Garotos de Programa (My Own Private Idaho) - 1991; vidas ao vento

Garotos de Programa (My Own Private Idaho), lançado em 1991.
Um filme de Gus Van Sant.
Quando Van Sant lançou My Own Private Idaho, terceiro longa de sua carreira, ele já era reconhecido na cena do cinema independente norte-americano e já tinha alguma projeção internacional pelos seus outros dois filmes. Era o que faltava para que aprovassem a produção de My Own Private Idaho, filme de temáticas densas e pouco comerciais, cujo projeto era antigo. Apesar do renome, porém, este filme entrega menos do que se espera dele.


Mike (Piver Phoenix) e Scott (Keanu Reeves) são dois garotos de programa que vivem em Idaho, atendendo clientes de ambos os sexos. Mike sofre de narcolepsia e muitas vezes tem ataques de sono em horas impróprias e de tensão. Já Scott, seu melhor amigo, é o filho rebelde do prefeito da cidade, que pretende deixar a vida de prostituto assim que puder colocar as mãos no dinheiro do pai. Ambos vivem sob a tutela de um ladrão mais velho e mentiroso. Os dois saem em busca da mãe de Mike, que ele não vê a muitos anos, e durante a viagem Mike confessa estar apaixonado por Scott, que supostamente é hétero.


Van Sant fez um filme discreto. Mesmo com a temática corajosa e polêmica, a obra em si mal possui cenas homoeróticas, violentas ou inquietantes. Nesse ponto até Elefante choca muito mais. Mas o cineasta se aproveita da liberdade que o cinema independente oferece na hora de moldar o estilo visual e narrativo que usa aqui. Capas de filmes pornô conversam entre si, o tempo vai e volta, o sexo é estilizado, orgasmo é um galpão se espatifando no chão, um amigo segurando o outro que está desmaiado parece a Virgem Maria com o filho morto no colo, poesia sai da boca de mendigos, personagens contando histórias que parecem mais entrevista para um documentário. O maior mérito é a atuação de River Phoenix (irmão do Joaquin), que teve um boom em sua carreira devido ao filme e ganhou até o prêmio de atuação do Festival de Veneza - mas o ator morreu em 1993. Reeves também aparece muito bem. Apesar disso o filme carece de uma trama sólida e mais interessante. Há um certo vazio de sentido em torno de tudo aquilo. A trama lenta e desinteressante faz os noventa minutos parecerem mais.


Vagamente baseado numa peça de Shakespeare, Henrique IV, o filme às vezes adquire um tom teatral e bem-humorado que não combina com o restante da trama, que é de pura melancolia e desilusão. Van Sant filma personagens marginalizados da sociedade. Alguns que pararam ali devido às reviravoltas da vida, outros como Scott que escolheram aquele caminho para afrontar a família. Ali se mistura solidão, sofrimento, culpa, rebeldia, hedonismo. Um atrativo para quem gosta da "sujeira humana" suburbana no cinema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário