Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

domingo, 2 de junho de 2013

Luz Silenciosa (Stellet Licht) - 2007; peculiar, monótono e belo

Luz Silenciosa (Stellet Licht), lançado em 2007.
Um filme de Carlos Reygadas.
Luz Silenciosa não é um filme para todos. A maioria das pessoas não conseguiria chegar na metade dele. Eu próprio tive dificuldades para aceitar que este é um bom filme, mas acabei por chegar nessa conclusão. Não é cinema fácil. Para assistí-lo necessita-se de um estado de espírito próprio - que no início do filme eu não tinha mas que consegui criar a tempo. Sem ansiedades, sem cobranças, sem expectativas. É preciso vontade de admirá-lo e de entender seu significado enigmático.

Estamos no norte do México, numa comunidade isolada e peculiar, denominada menonita,  onde os habitantes falam um dialeto estranho originado do alemão. Um homem maduro sofre e chora em segredo dos filhos. Ele está apaixonado por outra mulher, tem um caso com ela, e sua esposa sabe; ele mesmo contou. Mas seu grande amor pela outra não é capaz de afastá-lo da esposa, a quem também ama, porém de modo diferente, e dos vários filhos do casal. Ele e quem está a sua volta sofrem com isso.

O mexicano Carlos Reygadas é conhecido pelos seus filmes arrastadados, silenciosos e monótonos; é odiado por uns e amado por outros. Em Luz Silenciosa o diretor não abandona seu estilo próprio: um enredo simples e livre de fírulas num filme longo, arrastado, pensativo, câmera estática, bastante monótono, de poucos diálogos e nenhuma trilha sonora. Talvez neste ponto você me pergunte o que tem de atrativo nisso tudo, então. Eu respondo que não sei ao certo. A medida que o tempo passa o filme se torna mais deslumbrante, seu feitiço se intensifica; provavelmente a curiosidade de ver no que aquele pouco vai dar, somada a uma experiência sensorial sinestésica e a personagens humanos e complexos, é o que nos prende a atenção. 
Tudo ali é muito real - inclusive os atores são pessoas comuns da comunidade menonita - mas tudo parece surreal: uma língua estranha, pessoas pacíficas que vivem sem tecnologia e sem televisão, vivendo numa área ampla e isolada, onde só há o barulho do vento, dos animais e das máquinas agrícolas.
A natureza está lá, em fotografias lindas. A simplicidade e beleza de estar vivo também. O adultério é por amor, não podemos duvidar que é mais que sexo. Mas há a culpa, há o senso de responsabilidade, há a família, há a morte, há a religião. 
No entanto o filme, estranhamente, se concentra no triângulo amoroso e num tripé: amor, culpa e tristeza.

Qualquer coisa que eu escrever não servirá para expressar bem o que este filme tem. Cabe a leitor se arriscar nessa viagem - que pode desagradar - e tirar suas próprias conclusões das cenas de abertura e fechamento, do banho, da chuva, do beijo ao sol, do sexo, do beijo da vida, da colheita.

#ficaadica

Nenhum comentário:

Postar um comentário