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sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Baile (Le Bal) - 1983; uma celebração à paixão, à alegria, à música e à vida

O Baile (Le Bal), lançado em 1983.
Um filme de Ettore Scola.
Pode parecer bobagem e contraditório, mas Le Bal é um musical mudo.
Não existem falas, e ninguém canta nem mesmo uma cantiga. Porém em todo o comprimento da película há um variado repertório musical. E os atores bailam. 
Toda essa excêntrica teatralidade pode parecer pouco promissor, mas não subestime este filme; é um dos mais eloquentes que já vi; que de um modo muito sutil e poético celebra a vida e as emoções humanas. Sem contar a linda homenagem à música.

Estamos num salão de dança da França, onde várias mulheres acabam de chegar. Logo chegam também os homens, e alguns pares começam a dançar. Por meio da música, da dança, das roupas e das memórias das pessoas, acompanhamos um pouco da história do país e da vida de algumas pessoas, bem como seu amadurecimento e paixões.

Repito, não subestime este filme. Apesar da teatralidade e de se concentrar num único cenário - mas o movimento e os personagens são tantos que não deixam a experiência claustrofóbica -, O Baile é genuíno cinema, apenas criado com referência ao teatro. Algumas coisas são inverossímeis, mas não ofuscam nem um pouco o brilho da produção.  Ettore Scola brinca com as emoções do público e conta uma história sem dizer nem uma palavra.

Com uma trilha sonora maravilhosa e constante de Vladimir Cosma, o filme é uma delicada aula de história, e mais que isso uma expressão inigualável de arte. É a dança um dos melhores meio de expressão humanos, e aqui ela se une a um contexto e principalmente a semblantes e olhares para contar a história, sem dizer única palavra. O baile se inicia nos anos 80, no fim da disco, mas volta no tempo, nos anos 30, e começa a seguir o tempo, até retornar aos anos 80. Nesse trajeto passamos por baladas francesas, jazz, música latina, rock, tango, pela criação da frente popular, pela ocupação nazista na II Guerra, pelo Maio de 68. Os diálogos são não-verbais, porém são completos, fruto do trabalho impressionante de atores incrivelmente expressivos.

Os sentimentos humanos como alegria, paixão, ciúme, desilusão, medo, solidão etc têm espaço garantido na trama. As cenas mais interessantes são os impagáveis flertes do início da película; a cena em que a atriz Liliane Delval envelhecida com cabelos brancos dança com um brilho terno inenarrável no olhar antes de iniciar o flash-back e ela reaparecer dançando jovem e alegre, com longos cabelos anelados; e quando o garçom acorda a mulher forever alone para pedir que se retire e ela pensa que alguém está a tirando para dançar.

Só mesmo assistindo a Le bal com o coração aberto pode-se deliciar o que ele oferece. Seu único defeito é ficar monótono em raras ocasiões. Imperdível para quem gosta de novas experiências cinematográficas.

#ficaadica

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