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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Farrapo Humano (The lost weekend) - 1945; o alcoolismo de modo visceral no cinema

Farrapo Humano (The Lost Weekend), lançado em 1945.
Um filme de Billy Wilder.
Billy Wilder foi uma lenda dos anos dourados do cinema. Com vários prêmios conquistados pelos mais variados sucessos de público e de crítica, serviu como inspiração para vários cineastas de sua e das gerações seguintes. Se dava bem com os dramas e com as comédias. Em Farrapo Humano o diretor que também ajudou na criação do roteiro conta uma história dramática de um homem dependente da bebida alcoólica. 

Don é um escritor fracassado, que devido ao bloquei criativo passou a consumir cada vez mais bebida, a ponto de se tornar um alcoólatra. Depois de uma longa tentativa de recuperação ele ainda não está curado. Um dia ele fica sozinho em casa, depois de um conflito com o irmão que tenta afastá-lo do vício, e nisso entra num processo de degradação física, social e moral em busca da desejada garrafa. Enquanto isso sua esperançosa namorada tenta em vão ajudá-lo.

Na época de depressão pós guerra e pós crise econômica que o filme foi lançado, o que mais havia em Hollywood eram produções alegres e otimistas, que tentavam levantar o ânimo da população e retomar o sonho americano. Farrapo Humano chega então com um drama carregado de medo, angústia, dor e sofrimento, muito distante do entretenimento e escapismo que maioria das pessoas queriam. Apesar do tiro no escuro, o filme foi um sucesso de crítica e de público e levou o Oscar.

Até então os bêbados eram estereotipados no cinema, e apresentados como criaturas divertidas e benévolas. Aí pela primeira vez na história o cinema abordou o alcoolismo como uma doença e reproduziu todo o caos e sofrimento que o problema traz à sociedade.

Além da direção sutil e constante de Wilder, o maior trunfo da película é o trabalho de Ray Milland, que mesmo num época de cinema mais teatral, consegue ser verossímil e transmitir uma tristeza e desespero enorme de sua figura. Enquanto procura por bebida seus cabelos estão desgrenhados, mãos trêmulas e olhares arregalados, revelando a enorme degradação que enfrentou. A namorada interpretada por Jane Wyman é uma mulher doce, paciente e apaixonada.

É um filme de grandes momentos, sobretudo a cena do morcego e o da sombra da garrafa sobre o lustre. É decepcionante porém o final, um deslize feio do roteiro que quebra a constância criada até então e dá um desfecho fantasioso. Mas vale muito a pena conhecer este grande clássico.

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