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segunda-feira, 19 de maio de 2014

A um passo da eternidade (From Here to Eternity) - 1953; antes da desgraça eclodir

A um passo da eternidade (From Here to Eternity), lançado em 1953.
Um filme de Fred Zinnemann.
Belo clássico dos anos 50, From here to eternity nos leva até o Havaí nas vésperas e durante o ataque japonês a Pearl Harbor. Então, um denso estudo dos personagens é feito. Baseado no best-seller homônimo de James Jones, publicado em 51 e trás um elenco famoso. Supostamente o cantor e ator Frank Sinatra entrou para o elenco devido a ligações com a máfia, lenda (aparentemente real, ao menos em parte) que foi eternizada no O poderoso chefão de Coppola.

Meses antes do ataque que levou os EUA à II Guerra, acompanhamos três militares: o cabo Prewitt (Montgomery Clift), que foi rebaixado e transferido para a ilha por "questões pessoais", que se apaixona por uma acompanhante de um clube (Donna Reed) e que, se recusando a lutar boxe, é perseguido pelos superiores, em especial o capitão Holmes; o sargento Warden (Burt Lancaster), que está apaixonado pela esposa (Deborah Kerr) do capitão; e Angelo Maggio (Sinatra), descendente italiano com forte atrito com um sargento violento.

Apesar das tramas mais ou menos paralelas (na verdade todas se completam e se dependem), é fácil compreender e acompanhar a narrativa de Zinnemann e do roteiro de Daniel Taradash. Tudo é conduzido de forma simples e linear. 
No final cenas excitantes e realistas da batalha ocorrida durante a invasão japonesa são mostradas, numa quantidade ideal. Apesar disso, From here to eternity se foca em seus personagens e problemas. Três homens e duas mulheres cujos passados e anseios se esbarram e os conduzem à infelicidade. Um dos homens se amarga de remorso, outro vive um dilema entre amor e profissão. Os dois estão apaixonados, por mulheres e pelo exército. As duas mulheres também tem passados difíceis, temperamentos fortes e desejos amorosos opostos. As paixões destes dois casais são limitadas pelo contexto em que ocorrem, onde tudo parece conspirar contra eles. E nem só de paixões se faz o filme. O remorso de Prewitt acaba levando-o para uma vida infernizada por outros militares, que ele suporta com coragem e dignidade; já Maggio é alegre e expansivo, mas a bebedeira e o conflito com um sargento xenofóbico acabam com sua paz e segurança. Estes obstáculos na vida desses cinco personagens acabam criando laços de afeto e compreensão; mas também guerras internas, dúvidas e ciúmes, que limitam ou impedem a liberdade e a felicidade deles. Tudo isso mostrado de forma crível e com grande competência pelo elenco de nomes conhecidos. É emocionante ver Clift tocar corneta em luto às lágrimas.

Zinnemann também usa alguns simbolismos e insinuações para criar o ambiente carregado e bélico daqueles tempos e lugares. Mas seu trabalho no geral é discreto, raras vezes fazendo algum movimento mais ousado das câmeras. Um efeito estético interessante é uma transição na qual a imagem de ondas rebentando na praia se transformam na fumaça de um cigarro. Porém, não sei se o problema estava na cópia que assisti, achei a fotografia em preto e branco um tanto escura e sem vida. Acho que a icônica cena da praia teria ficado ainda mais bela se tivesse sido melhor iluminada, já que a poesia que o por do sol costuma imprimir não funcionou muito bem em preto e branco.
Ainda sim A um passo da eternidade é uma obra excelente sobre paixões e guerras. Uma síntese da humanidade da primeira metade do século XX

#ficaadica

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