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sábado, 24 de maio de 2014

A Natureza Quase Humana (Human Nature) - 2001; somos só macacos civilizados

A Natureza Quase Humana (Human Nature), lançado em 2001.
Um filme de Michel Gondry.
Dos filmes escritos por Charlie Kaufman (este era o último que faltava para eu conhecer toda a filmografia do roteirista) achei este o mais fraco. E não se pode simplesmente jogar a culpa na direção, até porque o melhor dos filmes "kaufianos" é justamente o que o francês Michel Gondry dirigiu quatro anos depois: Brilho eterno de uma mente sem lembrançasMesmo assim, o filme mais dispensável da carreira de ambos ainda teve um resultado razoável ao abraçar a teoria da evolução e nos aproximar dos macacos.

Uma mulher vive desde adolescente com um problema hormonal que faz com que tenha mais pelos que um homem, dificultando bastante qualquer envolvimento sexual. Depois de passar uma temporada vivendo no mato ela conhece um pesquisador virgem de pênis minúsculo. O doutor, por sua vez, foi criado por pais metódicos e tem uma compulsão por regras de etiqueta. Ele também é indiferente à paixão que sua colega de trabalho nutre por ele. Um dias os dois vão até a floresta e acabam conhecendo um homem que desde bebê foi criado como se fosse um macaco, sem qualquer contato com a civilização em toda sua vida.

Human Nature tem algo de trash, ou no mínimo é bem bizarro. Tive essa impressão vendo certas cenas absurdas e aparentemente idiotas. Muita coisa é mal contada na trama e cenários, figurinos e maquiagens muitas vezes também parecem muito mal feitas. A questão é se isso foi foi por desleixo ou proposital. Acredito muito mais na segunda hipótese.
Aparentemente foi apenas mais uma brincadeira de Kaufman, que sempre buscou explorar o absurdo e realidades só possíveis no cinema. Porém esse "desleixo" e humor (definitivamente é um filme de comédia) é construído em cima de um esqueleto dramático que não é difícil de ser visto. Kaufman e Gondry nos provoca com uma temática sempre recorrente na filosofia, sociologia e psicologia: o que é o homem e o que é a sociedade. Além de denunciar a falta de ética de certas pesquisas científicas.

Praticamente todos os personagens são carentes de amor e vivem marginalizados no mundo. Um porque nunca entrou em contato com ele e outros devido às suas diferenças físicas e intelectuais. Eles então vão oscilar entre a vida que chamamos normal, onde precisam se controlar (e aqui a sexualidade entra como um dos pilares do texto, fazendo com que sempre nos lembremos que somos animais), e uma vida selvagem. Afinal o que nos torna mais felizes, a liberdade de uma vida sem regras ou os avanços que a humanidade só pôde fazer devido à criação da civilização? É só um dos paradoxos oferecidos.

A  obra pode parecer coisa de lunático e não agradar muito, pecar em vários aspectos; mas mostra que até quando erram a dupla de produtores ainda é palatável.

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