Um filme de Luca Guadagnino.


Há algo de especial nesse filme; de diferente. Não é o estilo narrativo nem a trama em si, mas o modo como Guadagnino filma. Primando pela estética e a valorização da parte visual ele usa ângulos imprevisíveis, brinca com reflexos numa vidraça, filma a natureza, por trás de grades, constrói planos abertos, depois os fecha em closes nos rostos de seus atores, ora cria belas macros, ora espia seus personagens a grande distância. Também resgata um pouco do cinema clássico italiano, chegando a um resultado belo e agradável.


Não é um daqueles filmes silenciosos, aqui há muitas falas, mas elas dizem muito menos dos personagens que as ações.


Tilda Swinton, soberba, aparece como uma mulher distante do marido, mas totalmente entregue aos serviços da casa. Ela parece viver para fazer o que sua família espera que faça: cuidar do marido e dos filhos. Não é difícil entender que é infeliz e que se sente desconfortável com sua situação. Ela é uma intrusa, literalmente uma estrangeira (que esqueceu o verdadeiro nome), numa família rica e tradicional. Sufocada ela evita deixar seus sentimentos transparecerem. Sua relação com o marido é de frieza, a ponto de nem usarem as alianças no dia a dia. O status quo é quebrado quando sua vida esbarra com a de Antônio, que inesperadamente se tornou um grande amigo de seu filho. É quando ela anseia por liberdade e se entrega.
Belas cenas, então, invadem a tela. Um deleite visual, cheio de poesia e erotismo, onde cenas do mais genuíno sexo são intercaladas com imagens selvagens. O ser humano, antes de tudo, também é um animal.

Também o restante da família sofre mutações: a perda do patriarca, a sucessão de poder, a quebra da tradição. Os Recchi, talvez temendo a crise econômica, decidem vender o negócio. Mas o filho mais velho, conservador, tradicionalista, não aceita a ideia. Disso resultam conflitos e tragédias.
#ficaadica
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