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quinta-feira, 12 de março de 2015

Prisão de Cristal (Tras el cristal) - 1986; depravação humana

Prisão de Cristal (Tras el cristal), lançado em 1986.
Um filme de Agustí Villaronga.

Terror psicológico espanhol dos anos 80, Tras el cristal tem ganhado visibilidade na comunidade cinéfila nos últimos anos, após muito tempo de esquecimento. Um conto que mistura vingança, depravação e loucura para perturbar o público.


Klaus é um ex-médico nazista, que durante a guerra fazia experimentos sádicos com crianças judias. Com o fim da guerra ele se exila em Espanha, onde continua a torturar e matar garotos. Um dia, cheio de remorso, ele pula do telhado. Fracassa no suicídio, mas fica paralítico, incapaz de se mover e até mesmo de respirar sozinho. Então é colocado num pulmão mecânico primitivo, sendo cuidado pela esposa - que deseja vê-lo morto logo - e pela filha. Um dia aparece um rapaz misterioso chamado Ângelo, querendo ser o enfermeiro. A mulher o rejeita, mas Klaus insiste a ela que o rapaz fique por ter sido ameaçado por ele. Mas o jovem, testemunha e vítima dos abusos de Klaus, tem intenções malignas.

Primeiro filme de Villaronga, Tras el cristal  teve alguma visibilidade quando foi lançado e ganhou alguns prêmios em festivais europeus. Passou mais de um década esquecido e finalmente, com a popularização da internet, foi redescoberto. É um filme controverso por possuir temas como nazismo, pederastia, violência psicológica, submissão e troca de papéis. 
Embora haja cenas fortes envolvendo violência em sua forma mais crua e explícita, é o terror psicológico que mais abala e choca. A maior parte do enredo se passa dentro de um casarão mal-iluminado, repleto de sombras. O ambiente é pesado, triste, desconfortável. Ou a trilha sonora é sinistra ou praticamente só se ouve o som mecânico e sem vida do pulmão de ferro. Há sempre uma expectativa de que algo trágico está para acontecer, e minuto a minuto os objetivos de Ângelo vão se revelando. Cada personagem fica mais desequilibrado que outro. Destemperança que culmina no final inesperado.

Marisa Paredes, que faz a esposa Griselda, é o melhor do elenco. Paredes, que mais tarde se tornou uma das atrizes prediletas de Pedro Almodóvar, encarna bem a mulher farta do marido que se tornou um fardo. Em certa altura do filme ela percorre a mansão metida numa camisola vermelha, caminha rápido entre as sombras, como um vulto, planejando matar o marido sufocado. O alemão Günter Meisner também se sai bem no papel complicado de um inválido. Sem poder usar o corpo, toda a atuação deve se concentrar em expressões faciais e mudanças na voz, o que não é fácil. Menos feliz foi David Sust, o Ângelo. Não sei o quê, mas faltou algo em seu personagem. Pareceu-me muito superficial e pouco expressivo. A garota, então, é uma Kristen Stewart menos bonita.

De toda a forma é um filme interessante que tem tudo para se tornar um clássico com o passar do tempo. Principalmente os fãs do gênero tem uma boa oportunidade de variar um pouco dos terrores americanos.

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