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segunda-feira, 9 de março de 2015

O Capital (Le Capital) - 2012; sistema financeiro predador

O Capital (Le Capital), lançado em 2012.
Um filme de Constantin Costa-Gavras.
Costa-Gavras, homem polêmico e politizado, em Le Capital critica o sistema financeiro que rege o mundo e que sabemos ser o verdadeiro dono dele. As grandes corporações elegem, derrubam e controlam governos. Os bancos são parte ativa e protagonista desse sistema anti-democrático; eles que endividam Estados e os mantém sob seus controles. Nos bastidores dessas instituições ocorrem todos os tipos de maracutaias: crimes, jogos de interesse, chantagem e lobby. Neste filme de ritmo rápido o cineasta narra a ascensão profissional de um banqueiro.

Marc Tourneuil, a contra-gosto da maioria dos acionistas do banco onde ele trabalha, um dos mais poderosos da Europa, é escalado para se tornar o novo presidente da instituição, depois que o antigo presidente foi afastado devido a um câncer. Com medidas polêmicas que desagradam à maioria dos acionistas, ele tenta levar o banco para outros rumos e para cortar gastos demite milhares de funcionários. Enquanto isso ele sofre pressão de um grupo de empresários norte-americanos, que tentam um golpe para adquirirem o banco a baixo preço.

Naturalmente um filme como este, que mostra todos os podres da essência do capitalismo, irritou muita gente ao redor do mundo. "Filme de comunista", têm apontado alguns. O que ninguém pode negar é que mesmo que não seja uma regra, também está longe de ser raro a corrupção dentro de grandes empresas, sobretudo as que trabalham com o mercado de capital. O que é ainda pior que corrupção nos governos. Podemos tirar com nossos votos alguém do poder público, pedir investigações. Porém não temos o mínimo controle sobre empresários, não podemos frear suas estratégias de domínio (que envolvem os meios próprios e também a manipulação dos governos) que aspiram o bem de uma absoluta minoria em detrimento da humanidade como um todo. Esta é nossa chamada "democracia" atual.
"Sou seu Robin Hood moderno: continuarei roubando dos pobres para dar aos ricos."

A fala acima encerra o filme. Soa como sensacionalismo barato para criticar o capitalismo mas não é. É assim mesmo que a maioria da minoria rica e poderosa que controla o mundo age, e se a palavra roubar soar muito forte, troquemo-a por "explorar" os pobres que todos nos entendemos. O ano de lançamento também mostra que o cineasta quis ser atual: a Europa em plena crise adota medidas de austeridade que beneficiam o setor financeiro e diminuem o bem estar social.

Para além da relevante temática, Le Capital é um bom filme. Num estilo mais comercial a obra é dinâmica e rápida e tem uma fotografia clara e natural, capaz de conquistar também o grande público com sua trama cheia de intrigas, reviravoltas mas fácil de ser acompanhada. O que é interessante pois filmes de cunho político geralmente são assistidos por uma pequena parcela do público e geralmente nem entram no circuito comercial. As metáforas permeiam o filme, sempre fazendo comentários ou comparações criticando o estado de calamidade global. E o elenco, sobretudo o protagonista Gad Elmaleh, está ótimo.

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