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quinta-feira, 5 de março de 2015

Livrando a Cara (Saving Face) - 2004; saindo do armário e cuidando da mãe

Livrando a Cara (Saving Face), lançado em 2004.
Um filme de Alice Wu.

Confesso que assisti a este filme por engano, sem de fato fazer questão de vê-lo. Quando fui baixar Salvando Faces, por causa da semelhança dos títulos originais (Saving Face e Saving Faces), acabei por me confundir e baixar este filme em vez do curta. Mas não quis simplesmente descartar o arquivo, e depois de um tempo finalmente resolvi o assistir. E não me arrependo. Apesar dos clichês e algumas inconsistências no roteiro, Livrando a Cara é uma comédia romântica palatável.


Na comunidade chinesa de Nova York vive Will, jovem médica com a carreira já encaminhada. Ela é lésbica, mas tirando alguns amigos, a maioria de seus contatos não sabem. Inclusive sua mãe, viúva. Acontece que mesmo estando quase na menopausa, a mãe engravida e não revela quem é o pai da criança que carrega, o que faz com que seu pai, conservador e tradicionalista, a expulse de casa. Ela então vai morar com Will. Will se apaixona pela filha de seu patrão, a bailarina Vivian, e logo começam um caso que ela tenta a todo custo esconder de sua família, o que frustra um pouco a namorada que é assumida e bem resolvida.


Gente fugindo de casamento com vestido de noiva e conflitos que se resolvem aparentemente rápido demais não são boas coisas num filme. Ainda mais que a comédia romântica é um gênero cujos filhos carregam um estigma de serem fáceis, bobos e vazios. O que não é necessariamente verdade. Todos os gêneros têm bons e maus exemplares. Enfim, mesmo com estes deslizes, o filme de Alice Wu - estreia da diretora - é capaz de divertir e cativar.

Num tom leve e despretensioso, com drama e bom humor (mas não é para dar gargalhadas), a cineasta aborda o modo de vida de uma comunidade inserida no estrangeiro - mais especificamente a comunidade chinesa vivendo na mais multicultural metrópole do mundo - e os desafios que isto representa para a comunidade em manter as tradições e culturas próprias ao mesmo tempo que se adapta à nova cultura e realidade. Há também, sempre, a questão do conflito de gerações, a diferença de valores que as pessoas de diferentes idade costumam ter.

"-O mundo está ficando difícil de prever.
- Ele apenas está ficando pior."

A questão da sexualidade reprimida - e aqui essa repressão ocorre em duas gerações, mãe e filha - também é um tema sempre em voga. Aqui ele emerge em meio a esses conflitos de gerações, o pai que repreende a filha por ter uma vida sexual fora do casamento, o que gerou uma gravidez indesejável, e essa mesma mulher reprende sua filha por ela ser homossexual. O que nos faz enxergar que preconceitos e tabus, assim como as tradições, passam de uma geração para outra.

Não há nada especial na estética - mas se pode notar que a cineasta procura usar sempre a luz amarelada do final da tarde ou início da manhã nas cenas externas - e a fotografia clara e natural, comum no gênero, está presente; embora em alguns momentos ela tome um tom cálido, muitas vezes romântico, mesmo em algumas cenas internas.

Ah, na trilha tem música brasileira. Uma bossa. Mar azul, de Rosália de Souza.

Qualquer problema no vídeo, por favor nos avise nos comentários.

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