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sexta-feira, 13 de março de 2015

Os 10 filmes mais deprimentes

Desde que surgiu, o cinema tem explorado dramas humanos. Tragédias, amores não correspondidos, perdas. E como todo o resto, estes dramas evoluíram ao longo do tempo, ficando cada vez mais intensos, sofisticados, deprimentes.

Esta lista, que só engloba os filmes que já assisti e estão resenhados neste blog (portanto, como qualquer outra lista, não é definitiva muito menos unânime) lista uma dezena de filmes que tem um poder muito grande para fazer o público se deprimir e refletir sobre a própria vida e sobre a sociedade. Não são os mais tristes e chorosos, e sim os mais intensos e amargos. 
Não estão em nenhuma ordem especial.


Biutiful
Drama pesado de Iñárritu, Biutiful acompanha os últimos dias de um médium e criminoso com câncer terminal. Diante do pouco tempo que lhe resta, o personagem de Javier Bardem reflete sobre o que foi sua vida errante, tenta colar os cacos dela e deixar os filhos preparados para sua morte. Não sem antes aumentar suas culpas.

Um conto de vida e morte que também explora a questão da desigualdade social, da xenofobia e dos transtornos psiquiátricos.

Vergonha
Vício. Vergonha.

Este filme de Steve McQueen (que é melhor que seu oscarizado 12 anos de escravidão) narra a rotina miserável de um homem viciado em sexo e incapaz de criar laços emotivos com uma mulher.
O sexo, ato dos mais prazerosos e estimados na vida de boa parte da população, aqui toma contornos frios, impessoais, mecânicos. O hedonismo se torna uma prisão. Em certo momento este homem é quase reduzido a uma imagem de seus genitais. É nisso que ele se torna, um ser controlado pelo próprio pênis. Um dos personagens mais comedores do cinema é também um dos mais deprimidos. A irmã que o visita não está melhor que ele, basta ver os diversos sinais que traz nos pulsos.

Vários são os questionamentos e reflexões que ficam ao final da obra, sobre vício, culpa, relações vazias, falta de perspectiva, vergonha de si próprio.

Sem teto nem lei
Um dos mais prestigiados trabalhos de Varda, Sem teto nem lei conta a história de uma andarilha, mais precisamente os últimos dias de sua vida, antes de cair numa vala e morrer de frio.

Este belíssimo filme trata de temas densos como solidão, existência e liberdade. A personagem rebelde que foge dos outros (tem medo de se envolver) e de si mesma trilha um caminho de autodestruição que é um verdadeiro reflexo de milhões de pessoas que se sentem diferentes, como se não pertencessem a este mundo.

Além desse estudo realista sobre a solidão, o filme ainda levanta reflexões sobre a morte (e como ela pode ser repentina), desigualdade social e o modo como somos vistos pelas outras pessoas, uma vez que a narrativa é criada a partir de depoimentos das pessoas que conheceram a personagem.

As Invasões Bárbaras
-Eu vou desaparecer para sempre. Se pelo menos eu tivesse aprendido algo... Me sinto tão inútil quanto no dia em que nasci. Eu não achei um sentido. É isso. Preciso procurar.Preciso continuar procurando.
-Nós fomos de tudo. Separatistas, independecialistas, imperialistas... imperialistas-associados.
-No começo, éramos existencialistas. Nós líamos Sartre e Camus. Depois Fanon, viramos anti-colonialistas.
-Lemos Marcuse e nos tornamos Marxistas. Marxistas-leninistas.
-Trotiskistas
-Maoistas.
-Depois de Solzhenitsyn mudamos de idéia. Éramos estruturalistas.
-Situacionistas.
-Feministas.
-Desconstrucionistas.
-Há algum "ista" que não tenhamos venerado?

Este diálogo de um grupo de amigos, um deles no leito de morte, é a síntese de toda uma geração  de jovens sonhadores dos anos 60, 70 e 80. Geração hoje velha e frustrada com os sonhos não realizados e utopias não implantadas.

Apesar de ter bastante humor, quando acaba As invasões bárbaras, sequela de um filme de 1986, o sentimento é de desilusão e frustração. Afinal, viemos ao mundo para quê? Que são os sonhos, a arte e as ideologias? Podemos ou não mudar o mundo? Se você morresse hoje, acha que a vida que você viveu valeu a pena?
São questionamentos existencialistas como estes que sobram.

A Insustentável Leveza do Ser
Belíssimo filme, em todos os sentidos. 
Baseado na obra homônima de Milan Kundera, é um filme bastante existencialista (assim como o romance), que trata sobretudo de nossas relações amoroso-sexuais.

Mais um filme que fala muito sobre solidão, ele traz um núcleo de quatro pessoas interligadas por relações de amor e sexo. Dois que padecem com a insustentável leveza de uma existência livre de compromissos, outros dois que padecem por amores cheios de expectativas frustradas.

O que fica claro no final é como o bem estar emocional é uma coisa muito frágil e dependente de outras pessoas.

Amor
A crueza com que Haneke filmou Amour chega a ser chocante. A película mostra a rotina de um casal de idosos depois que a mulher, na iminência de um AVC, passa por uma cirurgia preventiva que a deixa paralítica. Lhe sobra os cuidados do marido, que a ama mas não pode esconder as dificuldades pelas quais passa, visitas esporádicas da filha pouco atenciosa e o tempo ocioso esperando logo a morte.

Todo o desconforto causado pela velhice, a doença, a morte é destilada nessa obra premiada com a Palma de Ouro e o Oscar.

As horas
Mais feminino da lista, The Hours conta a história de três mulheres, de diferentes épocas, e a relação que têm com um livro em especial, Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf.

Mulheres que partilham sentimentos de solidão, depressão e de fracasso e que assistem o tempo passar imersas num estado de introspecção e melancolia.

A tristeza das personagens é contagiante e continua mesmo depois do fim, devido aos temas filosóficos e existencialistas que permeiam a trama e fazem questionar qual a utilidade da vida humana, que sempre parece vazia de sentido.

Perdidos na Noite
Um de meus filmes prediletos, Perdidos na Noite vai além de ser um grande filme, inovador e primoroso. Um ritmo narrativo sofisticado, sequências de tirar o fôlego e o trabalho excepcional de dois grandes atores são só metade das qualidades deste longa. 

A trama gira em torno de dois amigos miseráveis vivendo em Nova York, longe dos cartões postais da cidade. Um deles deixou sua terra natal para, iludido por filmes de cowboy, se tornar um garoto de programa. Naturalmente uma ideia como essa, já potencialmente estúpida, não deu muito certo para um rapaz ingênuo e traumatizado por episódios de violência sexual. Acabado o último centavo, começa a vadiagem de Joe Buck ao lado de um golpista manco que antes o roubara.

Um filme sobre amizades improváveis, miséria e sobretudo sonhos frustrados e solidão urbana, onde há tanta gente e tão poucas que lançam um olhar.

Desejo e Reparação
-A minha irmã e o Robbie nunca tiveram o tempo juntos que tanto ansiavam e mereciam. E o qual, desde então, eu... Desde então sempre senti que fui eu que o evitei.

Baseado no best-seller de Ian McEwan, este é um estudo psicológico muito interessante.

Além do enredo dramático e intenso, ambientado durante a guerra, o filme trata do sentimento de culpa. Sem dúvida uma das emoções mais desagradáveis e fortes que uma pessoa pode sentir, o remorso, na maioria das vezes, não tem conserto. Dificilmente podemos expiar nossos erros. Voltar no passado para fazer diferente não é possível. 
Mas não é fácil conviver com a culpa, companheira que não raras vezes acompanha uma pessoa até o leito de morte.

Ao final dessa amarga porém deliciosa obra, o que nos resta é o sentimento de impotência diante dos fantasmas de nosso passado.

Nós que aqui estamos por vós esperamos
“Em uma guerra não se matam milhares de pessoas. Matam-se uns que adoram espaguete, outros que são gays, outros que namoram. Em uma guerra, acumulações de memórias são assassinadas”.
Cristian Boltanski

Esta é uma das mais impactantes citações da coletânea presente neste filme. Filme este que resgata algumas das memórias sobreviventes à toda a barbárie do século XX.

Brasileiro, é talvez um dos mais poéticos documentários já produzidos no mundo. Feito a base de fotografias antigas, recortes de filmagens e animações, a obra mostra a constante evolução da humanidade; como valores morais mudam, tecnologias nascem e como somos seres falhos e violentos. Mais que isso, mostra como nossa existência é um sopro na história do mundo - e na maior parte das vezes, um sopro irrelevante,
O nome do filme é uma citação presente sobre a entrada de um cemitério. Frase perfeita para ilustrar a inevitabilidade da morte.

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