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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Shame (idem) - 2011; vício e autodestruição

Shame (Shame), lançado em 2011.
Um filme de Steve McQueen.
O segundo filme de McQueen, antecessor do seu 12 anos de escravidão que lhe rendeu grande fama, explora a questão do vício e das necessidades na vida humana. Mas aqui o vício é um pouco mais singular que um simples alcoolismo. O texto, assinado por ele e Abi Morgan (A Dama de Ferro) retrata a fascinante história de um homem viciado em sexo. Mais uma vez o diretor trabalha com Michael Fassbender.

Em Nova York vive Brandon (Fassbender). Bonito e bem sucedido, ele tem facilidade para conquistar mulheres. Mas ele esconde um apetite sexual que chega à vício, fazendo com que consuma toneladas de pornografia e passe seu tempo livre masturbando-se, participando de chats eróticos e contratando prostitutas. Seu estilo de vida, porém, é interrompido quando a irmã (Carey Mulligan), também com sérios problemas em sua vida, vai passar uma temporada em sua casa.

É com crueza que McQueen leva seu filme; mesmo que ainda abrande um pouco os problemas de seus personagens, para torná-los mais empáticos, e que mostre um estilo um tanto sofisticado. Na busca por um cinema autoral ele também não liga para a censura e futuras classificações indicativas. De fato há muitas cenas de sexo, mas não são gratuitas, não tornam a obra vulgar nem criam excitação. Estão lá porque tinham que estar. O diretor filma tudo isso com uma certa distância, certa frieza (propositais). Vai se metendo nos cantos do cenário e espiando seus atores. Também não se importa de criar algumas sequências longas e monótonas.

O filme inicia com um homem na cama, aparentemente após uma relação sexual. Parece sentir culpa. Pouco depois ele aparece despudoradamente nu. O corpo é esbelto; mas não há sensualidade. Observando-o caminhar se percebe que algo o incomoda, não só a mensagem deixada no telefone. Seus genitais chamam mais a atenção que seu rosto. É de propósito, é um retrato de sua personalidade.
Brandon aparentemente tem tudo, mas é completamente solitário (ainda que isso seja uma opção, ele sofre com isso) e não parece feliz. Ele anda por aí flertando belas mulheres, mas é quase um gesto vazio, automático. Ex-parceiras ligam chorosas e ele apenas as ouve, indiferente, na secretária eletrônica. Mulheres são como pedaços de carne que passam por sua cama. Ele não sente orgulho disso, mas está conformado.
Quando a irmã aparece, ferindo a sua privacidade e incomodando-o com seu temperamento explosivo, ele começa a perceber que há algo errado consigo. De repente suas transas se tornam ainda mais tristes, mecânicas. Ele trás no rosto vergonha e um pedido de desculpas. A irmã também se entrega a qualquer homem, mas seu problema é carência; quer apenas se sentir amada. Ela tentou se suicidar várias vezes. Ambos trilham o caminho da autodestruição.
Tanto Fassbender quanto Mulligan são atores competentes de suas gerações, que aqui se mostram em ótima forma. Ela ainda aparece com um lindo cover de "Theme from New York, New York", imortalizada por Sinatra e Liza Minnelli no filme de Scorsese.
O defeito da obra é que, no fundo, não conhecemos assim tão bem os personagens. Não sabemos de seu passado e o futuro é incerto. 

Todo esse drama revela um olhar crítico sobre algo negativo da humanidade: o vício, qualquer que seja. Mais que isso, critica a nossa sociedade hedonista, onde a liberdade para buscar prazer pode se tornar uma prisão. Nova York aparece fria, distante, indiferente a seus habitantes.
#ficaadica

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