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sábado, 26 de abril de 2014

O Último Imperador (The Last Emperor) - 1987; a belíssima cinebiografia do último monarca chinês

O Último Imperador (The Last Emperor), lançado em 1987.
Um filme de Bernardo Bertolucci.
A obra prima de Bertolucci, que lhe rendeu o Oscar, nos leva à China da primeira metade do século XX, onde acompanhamos a história de Pu Yi - o último monarca do país, que tornou-se uma república em 1912.

O príncipe da dinastia Qing ainda não tinha completado 3 anos quando foi coroado imperador em 1908. Já em 1912 ele perde o trono com a proclamação de uma república. Mas dentro da Cidade Proibida, conjunto de palácios onde por cinco séculos viveram os monarcas da China, o menino mantém o título simbolicamente. Mais tarde é expulso do palácio com suas duas esposas, até se aliar ao Japão, que estava em guerra com a China, e virar um fantoche do inimigo.

Aqui Bertolucci nos mostra todo seu talento como cineasta. O filme retrata diversos períodos da vida de Pu Yi, da infância à velhice, e com isso diversos momentos da história do país, que ele testemunhou. É por meio de duas historias paralelas, uma invocando a outra como flash back, que conhecemos Pu Yi. Sem nunca de fato ter tido algum poder (esse ponto é escancarado em cenas memoráveis), e vivendo numa prisão disfarçada pelo luxo, ele cresce egocêntrico e ambicioso. Ambição que o leva a trair seu país e que o leva preso por mais de uma década. Algo benéfico também é que historiados tem vindo a dizer que o filme retrata com grande fidelidade o que foi a vida do imperador.
O lado emocional de outros personagens também recebem alguma atenção, fundamental para compreender ainda mais a vida de Pu Yi.

O visual é impecável, assinada por Vittorio Storaro, o mesmo diretor de fotografia de Apocalipse Now, de Coppola. Storaro brinca com os jogos de luz e sombras, principalmente nos ambientes internos da mística Cidade Proibida. Foi a primeira vez na história que o governo chinês permitiu que se filmasse uma ficção dentro do prédio. Seu trabalho também divide a trama em pedaços, mudando a cor básica de acordo com a época e o contexto dela. Estamos anos antes da onda de ocidentalização que invadiu o leste asiático - ponto que também fica explicito em várias passagens é justamente essa batalha entre o tradicionalismo e mudanças inspiradas no modo de vida ocidental -, a cenografia, além do palácio, são prédios da arquitetura tradicional chinesa. Os belos figurinos também são os trajes típicos que hoje estão em desuso. As roupas variam dos trajes luxuosos da realeza aos uniformes penitenciários, passando pelas roupas mais simples dos servos eunucos.
Bertolucci também cria planos incríveis de seus cenários, dá closes nos rostos em momentos oportunos, deixa a câmera explorar um pouco dos arredores, usa metáforas e simbolismos deliciosos em alguns momentos (vide sequência do ménage à trois, onde cores quentes e fogo são elementos importantes da construção).
O elenco é competente, inclusive o ator que faz o imperador bebê é muito legal. Mas o destaque maior vem de John Lone, que desenvolve muito bem seu papel. Peter O'Toole também faz um papel secundário mas importe em que aparece muito bem.
A trilha sonora é bem interessante, constituída principalmente da música tradicional local.

The last emperor é um deleite para os olhos, e uma fascinante aula da história da China até o momento em que o país se tornou comunista.

#ficaadica

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