Um filme de Brad Silberling.
Havia já alguns meses que um filme não me decepcionava tanto. Embora eu praticamente não tenha criado expectativas sobre ele, eu pensava que o filme era diferente. Não pensei que era bom, mas não tinha a menor suspeita de que veria um filme tolo.
Depois da casa dos pais ser incendiada com eles lá dentro, os irmãos Baudelaire (um pirralho nerd; uma menina chata metida à responsável e que inventa umas coisas ridículas; e uma bebê que, como diz o vilão, mais parece um macaquinho) são enviados a morarem com um parente distante, que recebe a guarda. O cara, além de péssimo ator e desagradável, é muito ganancioso, interessado apenas na gorda herança das crianças. Eventualmente ele perde a guarda, mas continua as perseguindo, com planos mirabolantes.
É meio difícil acreditar que tiveram que unir três livros de uma série infantojuvenil para criarem um filme tão ruim e com tão pouco enredo. E a pouca trama que existe é clichê, maniqueísta, previsível, tola demais mesmo para uma história infantil, construída em cima de personagens estereotipados. Um único livrinho qualquer da coleção Vaga-lume daria um filme melhor. Ok que é voltado para o público infantil, mas uma criança de mais idade ou com um senso crítico mais aguçado dificilmente o acharia grande coisa. Ao menos eu com 10 anos já o acharia imaturo demais para mim, e eu não era nenhuma criança anormal.
Nunca vi Jim Carrey tão chato; provavelmente este é o personagem mais vergonhoso de sua carreira (ainda que o mais singular). Ele faz o vilão, mas a raiva que senti dele nem era porque queria fazer mal às crianças, mas porque era estúpido e chato demais para conseguir. Sério, de um lado um vilão tolo que pega os caminhos mais mirabolantes para fazer algo simples, do outro um trio de "heróis" que você começa a torcer para que se deem mal (leia-se morram) e aquela bobagem acabe de uma vez. Se Jim Carrey está ruim, o trio de atores mirins está péssimo; eita crianças insossas e antipáticas. E que crianças burras - ainda que tentem nos fazer pensar o contrário - que pegam os caminhos mais mirabolantes para resolverem os problemas simples que lhes aparecem. A bebê é a coisa mais interessante da película inteira, e talvez a mais inteligente. Mesmo assim não é coisa que salve a película.
Para completar tem Meryl Streep, que mesmo sendo a melhor atuação da obra, também está ruim e tem uma personagem tola, estereotipada e que você também deseja que morra de uma vez. Devia ser desgosto e arrependimento da atriz por se meter naquela jogada de marketing. Dustin Hoffman aparece no que um amigo meu chamaria de figuração de luxo.
O universo mais ou menos fantasioso em que a trama se ambienta é muito pouco atraente, e ainda menos crível. Procurou-se criar um ar fúnebre, de mistério, imitar as atmosferas góticas de Tim Burton, meio macabras, mas o resultado não me cativou. Sem falar que a fotografia quase grita: "fui feita em computador, viu?". No final Jim Carrey dá uma lição de moral desnecessária, dizendo que as crianças nunca são ouvidas. O momento mais cínico de todos. Desnecessárias também são as cenas iniciais dos duendes, devaneios de um escritor e narrador disfuncional e descartável com falas metalinguísticas que nos mandam parar de ver o filme e ir ver outro na sala ao lado. Obedeça.
A melhor cena é mesmo os créditos finais, pois tem uma animaçãozinha bidimensional legalzinha (ao estilo Tim Burton) e assinala o fim de um péssimo filme.
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