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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia) - 1962; o mais grandioso dos épicos

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia), lançado em 1962.
Um filme de David Lean.
Das obras de David Lean, nem Doutor Jivago (post em breve) e nem mesmo A Ponte do Rio Kwai ofuscam Lawrence da Arábia como a obra-prima pela qual o diretor é mais lembrado. Tido como o mais grandioso dos épicos (não sem motivos), ele ostenta beleza, cinematografia e ousadia.
 
Esta é a cinebiografia do oficial inglês Thomas Eduard Lawrence. Durante a I Guerra Mundial ele é enviado para a região da Arábia para aconselhar o príncipe do Hejaz (hoje Arábia Saudita), parceiro dos Aliados contra o Império Turco. Apaixonado pela região e pela população nativa, constituída principalmente de beduínos nômades e tribos descentralizadas (e não raras vezes inimigas), ele lidera nativos de diferentes etnias em ofensivas militares e sonha com a independência da região.

Esta obra é grande em todos os sentidos, muito além de sua longa duração. Basta alguns minutos de filme rodando para perceber sua imponência.
Lean foi um diretor corajoso, que elaborava projetos quase insanos. Caros e difíceis de serem executados; Lawrence é assim; de orçamento enorme foi produzido numa das regiões mais inóspitas do planeta, com todas as dificuldades que isso implica, sem contar com uma estrela no papel principal e até mesmo abrindo mão dos romances entre os "mocinhos", que era quase obrigatório no cinema da época. As chances de fracasso eram grandes, mas Lean também foi um herói. Sua obra foi sucesso de crítica e público, foi bem premiada, se tornou um clássico, até hoje não possui similares à altura.

A fotografia é belíssima, explorando bem as belezas do deserto, um cenário que naturalmente é monótono. Na região ele filmou a noite, o nascer e o pôr do sol, os oásis, as dunas douradas, as paredes rochosas metidas no meio do nada, as tempestades de areia, o jogo de luz e sombra do sol afagando o chão arenoso. Filmou o milagre de ali haver vida humana e animal.
Lean criou lindos planos abertos que o tempo todo nos aparece diante dos olhos e reafirmam a grandeza e solidão do deserto. Olhamos de longe e vemos pequenos pontos, camelos e beduínos, cercados por um mar dourado que se estende até onde a visão alcança. Noutra tomada um pequeno exército de camelos avançam contra a natureza hostil. Noutra um beduíno surge como uma miragem. Noutra um navio parece avançar pela areia. Momentos icônicos.

Mas nem só para impressionar com grandiosidades viveu David Lean. O roteiro se ocupa mais de seu personagem do que com cenas gratuitas de batalhas. À época T.E. Lawrence já era um tanto conhecido. Sua imagem se construía em cima de verdades, lendas e romantismos. O filme foi feito em cima disso, sem se preocupar muito com o que de fato foi verdade sobre o militar.
Mesmo assim o texto se ocupa de algo realmente muito próximo do que o oficial supostamente foi. É mostrado como um homem culto, inteligente e sensível, porém sanguinário e autocentrado (ele praticamente se proclama aos quatro ventos como herói, messias, mártir; e nos momentos de desilusão consigo se esquece dos ideais comuns, dos companheiros). Até a homossexualidade de Lawrence é insinuada de modo sutil, em algumas cenas isoladas e nos gestos e aparência afeminados com que Peter O'Toole aparece. Aliás, a atuação maravilhosa do irlandês foi decisiva no sucesso do filme. Junto a ele se destacam outros atores, como Alec Guiness, provavelmente o ator mais consagrado até então, e o egípcio Omar Sharif, que com o sucesso da obra se tornou famoso e cobiçado no ocidente, chegando a ser escalado como o protagonista de Doutor Jivago, também de Lean.

A música, a cenografia, os figurinos também são ótimos. A reflexão sobre liberdade e independência, a barbaridade da guerra e da exploração colonial, o sentimento patriótico. Tudo se soma e nos entrega essa joia preciosa que resiste ao tempo e é obrigatória para os fãs de cinema.

#ficaadica

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