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segunda-feira, 24 de março de 2014

Waking Life (idem) - 2001; uma viagem onírica por questões existenciais

Waking Life (Waking Life), lançado em 2001.
Um filme de Richard Linklater.
Fazia algum tempo que não via um filme de animação tão peculiar. E tão experimental. 
Animação de Richard Linklater, da trilogia romântica Antes do..., a obra nos leva para dentro de um mundo onírico onde são apresentadas e debatidas questões sobre a existência humana. Não é um filme que agrada a todos os públicos, seu falatório sobre filosofia deve cansar a maioria das pessoas, mas os fãs de cinema que curtem temas mais densos, com pouca ação, deverão se apaixonar.

Acompanhamos o sonho de um jovem sem nome. Incapaz de acordar, ele vive um sonho dentro de outros. Nesses sonhos ele encontra pessoas, entre filósofos, bêbados ou simples desconhecidos, com os quais ele discute, de forma leve e bem humorada, questões sobre o sentido da vida, da existência humana,  sobre o mundo dos sonhos e até teologia. Espécies de visões também acontecem, onde ele vê pessoas conversando sobre o tema sem de fato ele estar presente na conversa.

Infelizmente meu conhecimento sobre Linklater não é dos maiores. Mas o pedacinho da obra dele que conheço já me permitiram perceber que além de ser um dos grandes cineastas da atualidade, tem como maior êxito em suas obras a força dos diálogos, que são o que sustentam e impulsionam os seus filmes sem de modo algum torná-los chatos. Waking Life e a citada trilogia romântica (talvez a mais bela da história do cinema) prova isso, é quase um milagre que 1h e 40min de falatório são sejam enfadonhos, pelo contrário muito interessantes.
Os personagens, inteligentes, se metem em apaixonadas conversas, debates, monólogos e discutem ideias e teorias, próprias ou de estudiosos. Procuram o significado de sua existência e não acham repostas.

Seu modo de produção também não é dos mais convencionais, tendo na época sido um dos precursores. A tal técnica do rotoscópio consiste em filmar o vídeo e montá-lo, e então aplicar, numa demorada edição, softwares que transformam a imagem em desenhos. O resultado é impressionante, mas, ao menos para mim, foi uma faca de dois gumes: o resultado é belíssimo, mas cansa a visão.
Talvez o problema tenha sido só comigo, não vi ninguém mais reclamar sobre isso, mas mesmo encantado com o filme, amando a beleza da animação e ele como um todo, precisei parar de vê-lo duas vezes. Minha visão cansava, eu começava a lacrimejar, tive leves vertigens. Precisei vê-lo "às prestações".
Acho que entendo porque: a imagem é cintilante e um tanto instável, a paisagem treme, oscila, expande, se contrai.
Apesar disso torno a repetir: o resultado é belíssimo, vivo. Lembra aquarelas, ou, por vezes, até quadros de Monet.
Esse incrível mundo aumenta ainda mais o ambiente e o estilo onírico (um pouco surrealista, até) da obra.

Uma cena em particular também chama a atenção: Julie Delpy e Ethan Hawke na cama conversando.
Antes do amanhecer é de 1995, Antes do por do sol, sua sequência, de 2004. Waking Life de 2001. Todos os três ambientados no ano de sua produção. Na época essa cena podia ser vista como consequência do primeiro filme da trilogia, a dúvida deixada com o final do primeiro filme sendo respondida, talvez um adiantamento do que poderia acontecer na sequência. Mas se você já conhece os filmes sabe que a cena é impossível de um dia ter acontecido, talvez não passasse de um sonho de Linklater do qual fomos cúmplices.

#ficaadica

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