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domingo, 7 de julho de 2013

Antes do pôr do sol (Before Sunset) - 2004; nove anos depois, o reencontro

Antes do pôr do sol (Before Sunset), lançado em 2004.
Um filme de Richard Linklater.
O que Richard Linklater fez é tão raro que quase chega a ser impensável. Contrariando o que costuma-se ocorrer quando falamos de sequências, Linklater conseguiu criar um filme tão bom quanto o primeiro. O que mais assusta é que o terceiro, lançado a pouco mais de um mês, vem fazendo enorme sucesso de público e de crítica, novamente.
Em 1995 foi lançado Antes do amanhecer, romance que pela sua sinceridade, verossimilhança e inarrável beleza conquistou a crítica e o público, apesar de não ter sido um sucesso de bilheteria. Mas durante quase uma década o filme foi sendo conhecido por mais pessoas e criou uma legião de fãs, o que impulsionou os realizadores a criarem Antes do pôr do sol, nove anos mais tarde. O sucesso (mas não de bilheteria) retornou, e teve gente falando que a continuação era melhor que o original. Mais nove anos se passaram e agora no primeiro semestre de 2013 lançaram Antes da meia noite, que tornou a receber aclamação universal. Sem dúvida um feito admirável.

Para total aproveitamento recomenda-se assistir o primeiro filme, embora o segundo possa ser visto isolado sem grandes perdas de compreensão. Nove anos depois de seu primeiro e único encontro em Viena, Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethen Hawke) se reencontram em Paris. Ele está a divulgar um livro, baseado em sua experiência com Celine nove anos antes, e ela propositalmente o procura. Eles têm então até o fim do dia para conversarem, se explicarem e trocarem experiências.

Apesar de os filmes acabarem sendo bem diferentes entre si, a receita é basicamente a mesma anterior: dois personagens extremamente verossímeis e uma simplicidade que é seu maior segredo. Todos os filmes da série são de baixo orçamento e simples, feitos muito mais pelo prazer que buscando dinheiro, fama ou prêmios. Antes do pôr do sol é belo, maduro e muito, muito reflexivo. O que molda o filme são seus diálogos inteligentes, francos e um pouco filosóficos; não há fírulas narrativas, não há melodrama, não há sonhos de garota adolescente. 
E a química impressionante dos dois atores, que ajudaram a escrever o roteiro e que por isso colocaram nos seus personagens parte de si, de suas experiências, tempera a mistura. A conversa pende entre o que foi e o que poderia ter sido, entre as felicidades e as desilusões, as esperanças e os remorsos. Pensam no futuro, remoem o passado, mas sobretudo vivem o agora, entre revelações não apressadas, indiretas, reticências, silêncios, flertes e improvisações dos atores. Somos convidados a vivermos o momento com eles, somos impelidos a não pensarmos no que vai acontecer e a não relembrarmos muito o outro filme, afinal o fim dele tinha deixado a dúvida do que iria acontecer no espectador, em que os românticos torciam por um reencontro e os céticos ignoravam a possibilidade.

A trama ocorre em tempo real, numa montagem de se admirar, na paisagem parisiense amarelada pelo crepúsculo, rendendo fotografias belíssimas.
Um conto de amor e de amadurecimento sincero e real como minha vida e como a sua, meu caro leitor. O passar dos anos mudou o modo que os dois jovens viam o mundo, mudou suas aparências, transformou um sentimento ingênuo e inseguro em algo mais maduro, mais realista, mas não pessimista.

#ficaadica

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