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sábado, 4 de janeiro de 2014

O Homem Elefante (The Elephant Man) - 1980; discriminação e superação

O Homem Elefante (The Elephant Man), lançado em 1980.
Um filme de David Lynch.
David Lynch é conhecido por jogar com a realidade e o surreal em seus filmes. Em Elephant Man, seu segundo longa, ele conta a história de Joseph Merrick (no filme chamado de John), um britânico que viveu no final do século XIX que tinha uma doença grave que deformara profundamente quase todo seu corpo. E faz isso brincando com a realidade e com estilos e gêneros.

Passeando por um circo na Inglaterra vitoriana, o doutor Frederick Treves (Anthony Hopkins) se depara com John Merrick (John Hurt) sendo explorado pelo dono do circo e tratado como um animal. John tem uma grave doença desconhecida que deformou quase todo seu corpo, incapacitando-o até mesmo de poder se deitar. Sua aparência horrorosa é explorada com uma aberração. O médico, interessado principalmente em estudar a condição clínica de Merrick, se propõe a ajudá-lo.

Lynch sabiamente optou por filmar essa obra em preto e branco (fotografia impecável), dando a ela todo um ar de clássico dos anos 50 ao mesmo tempo que inovava na tela - me lembrou um pouco de Hitchcock. A início pode parecer um filme de terror ou de ficção científica, mas logo ele engata a marcha de drama e se sustenta nela. Apesar disso a trama é bem simples de ser acompanhada, bem diferente de um de seus mais famosos filmes, Cidade dos Sonhos; por exemplo. The Elephant Man tem grande charme. Seu erro foi enfiar o filme entre duas cenas, prólogo e epílogo  (a da mãe sendo pisoteada, coisa que nunca ocorreu, e as estrelas), no mínimo tolas.

Irreconhecível por trás da maquiagem (sinceramente não sei se essa maquiagem merece elogio ou não; de fato é muito perturbadora, mas ao mesmo tempo artificial) John Hurt vive o protagonista, dando ao personagem toda a humanidade que pode. Debilitado por sua situação e tratado como um monstro, o próprio John parece não se enxergar como um homem. Isso começa a mudar com a ajuda do Sr. Treves: Hopkins realmente deu um bom médico.

A lição de humanidade e igualdade desse filme rompe as barreiras do tempo - nossa sociedade exclui e repudia velhos, doentes e deficientes. A história de superação que é apresentada é bela.
Porém não podemos ignorar que o protagonista só conseguiu um pouco de dignidade à custa de uma caridade que por sorte chegou até ele. Os triunfos dele também são resumidos pelo roteiro, infelizmente, em se tornar um homem sociável que recebeu a atenção da nobreza da época. Fica claro que algumas cenas são puramente sentimentais e por isso mesmo artificiais (mal podia falar e de repente ele sabia de cor textos da Bíblia). Por outro há cenas genuinamente comoventes, como a da estação de trem.
Mesmo com suas poucas falhas é uma obra que merece muito ser vista.

#ficaadica

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