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terça-feira, 30 de abril de 2013

O império dos sentidos (Ai no Korīda) - 1976; o maior drama erótico da história

Fiquei confuso se deveria ou não resenhar este filme, afinal é um filme adulto (erótico, não pornográfico), e o blog não é.
Então pensei: "Por que não? É um clássico do cinema, respeitadíssimo, reconhecido pela crítica e pelo público. E você não deve ter leitores menores de quatorze anos, que é uma idade que já sabe muito bem o que é sexo. Você próprio não tem dezoito anos ainda e já viu este e outros filmes 'piores'".
Então resolvi resenhar sim, seria hipocrisia minha dizer que me preocupo com alguma eventual "perda de inocência".

O Império dos Sentidos (Ai no Korīda), lançado em 1976.
Um filme de Nagisa Oshima.
Alguns filmes, no contexto em que são produzidos, acabam criando polêmicas ao mesmo tempo que são aclamados pelo estilo inovador, a ousadia, a originalidade. Foi o caso de O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima, que durante toda a vida criou filmes polêmicos, que em seu próprio país teve a maioria dos filmes cortados pela censura. E a cutucada na ferida dos moralistas, desta vez, foi colocarem dois atores fazendo sexo de verdade.

Este filme, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é pornográfico. O cinema pornográfico é focado no sexo, o que não é o caso dessa obra de arte.  Ai no Korīda é um drama altamente erótico, que narra uma história real acontecida no Japão, e para isso não há pudores em mostrar sexo explícito e nudez feminina e masculina.

No Japão pré II Guerra, Sada Abe é uma ex-prostituta que passa a trabalhar como empregada na casa de Kichizo Ishida. Sedutor, o patrão logo conquista a moça, que possui um apetite sexual incomum. Mas esse pequeno adultério feito por diversão acaba se tornando numa paixão cada vez mais profunda, a ponto de os dois amantes não se largarem e passarem o dia todo num quarto, fazendo amor, numa busca incansável pelo prazer.

O Império dos Sentidos é muito mais do que uma primeira impressão nos faz pensar. Apesar do enredo enxuto, que acaba num trágico fim, o filme faz muito mais do que apenas mostrar um casal fazendo sexo.
Influenciado pelo neo realismo, que visa denunciar as duras verdades da vida, como a pobreza, fome e criminalidade, Nagisa Oshima, vendo a ocidentalização de seu país, que deixa para trás as tradições milenares, cria um filme mostrando toda a sensualidade e erotismo que a cultura japonesa sempre aceitou, e que o mundo ocidental, com sua cultura cristã, condena. Além disso, é claro o jogo de submissão e controle que o filme aborda, inclusive com cenas sado masoquistas de estrangulamento. Enquanto nos anos 60 e 70 a revolução sexual queima soutiens para mostrar a liberdade sexual que o ser humano anseia, nos momentos íntimos não falta gente que gosta de ser submisso. O filme ainda conta com uma cena interessante em que o protagonista anda e direção contrária a militares (lembrem-se que estamos à vésperas da II Guerra), indiferente a eles. Isso demonstra que para ele tudo o que não é Sada já não pertence a seu mundo, ele não está preocupado com a euforia da pré-guerra.

E tudo é cuidadosamente filmado por Oshima, com uma delicadeza, naturalmente e belamente sensual, não vulgar, mesmo em cenas delicadas como a do ovo enfiado na vagina e a ejaculação na boca. Dois seres se entregando no sexo, e lutando psicologicamente (ciumenta, Sada vive ameaçando o parceiro com uma faca).
E tudo isso com uma química incrível dos dois atores Tatsuya Fuji e Eiko Matsuda.

#ficaadica

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