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domingo, 28 de abril de 2013

Django Livre (Django Unchained) - 2012; excitante, sangrento, e elegante

Django Livre (Django Unchained), lançado em 2012.
Um filme de Quentin Tarantino.
O diretor Quentin Tarantino sempre mostrou um modo muito peculiar de trabalhar, que deixa seus filmes com sua cara, facilmente reconhecíveis. Mestre da violência, ele sempre nos dá filmes excelentes que entre sangue, drogas, álcool, sêmen e lama; em suma tudo o que há de sujo na vida humana; possuem uma elegância inenarrável, uma originalidade sem limites, e uma maravilhosa (e sádica) brincadeira adulta diante das câmeras.

Django Unchained é mais um de seus filmes que dão mais do que prometem (e vejam que não sou de ir com pouca sede ao pote se tratando de Tarantino). Mas desde já, antes mesmo da sinopse, é válido dizer que há tempos não via um filme tão bem atuado. Mais que verdadeiras encarnações vindas de nomes famosos como  Jamie Foxx (que me surpreendeu duas vezes; uma pelo trabalho impecável que meu preconceito não previa, e outra por não ter sido indicado ao Oscar); o filme conta com trabalhos impressionantes num geral: não faltam figurantes que parece terem nascido para interpretar seus papéis.

No sul dos EUA, às vesperas do início da Guerra Civil, o ex-dentista Dr. King Schultz (Waltz), que agora é um caçador de recompensas, resgata um escravo negro chamada Django (Foxx) da mão de traficantes, após matá-los, e o contrata para reconhecer algumas pessoas procuradas, que ele quer matar. Ajudando-o com isso ele daria a liberdade a Django e uma pequena recompensa. O escravo aceita e o ajuda, mas apesar de livre, ele continua com o dentista nas caçadas à procurados, principalmente por um motivo: na primavera o Dr. Schultz iria ajudá-lo a reecontrar sua esposa Broomhilda. E para se meterem nessa e noutras empreitadas, não raras vezes precisam fingir ser quem não são.

Como em outros trabalhos do diretor, que também é o responsável pelo roteiro, não espere muita verossimilhança. Lembram da morte de Hitler em Bastardos Inglórios? Aqui não temos um atentado à história oficial, apenas protagonistas pouco críveis mas impressionantemente reais em toda sua fantasiosa existência. Mas fique registado que a violência e os dramas humanos, vividos por coadjuvantes, são feios como a própria realidade em que foram inspirados: a escravatura. Django Unchained usa a violência para nosso entretenimento, mas não deixa de nos fazer sentir alguma culpa por isso. Extravagante, sinistro, divertido e feio: como o próprio Tarantino.

E desta vez, para nossa agradável surpresa, esta obra do diretor segue uma narrativa linear, com apenas uns poucos flash-backs. O humor negro está lá, e não é difícil vê-lo; nem ouví-lo, a trilha sonora é feliz durante tragédias, como a música durante a morte de Shosanna em Bastardos Inglórios. Há cenas memoráveis, diálogos excitantes, atuações enérgicas. O Ku Klux Klan sendo derrotado após um debate infantil acerca de furos em sacos é uma, a luta vencida com um martelo outra, o pequeno diálogo confidencial entre Schultz e Django durante o passeio em Candyland também, a caveira na mesa de jantar uma quarta. Mas na verdade o filme é um monte de belas sequências, uma atrás da outra.

No entanto não há heróis, todo mundo tem as mãos sujas de vermelho, cada pessoa parece mais fria e odiável que a outra,  Broomhilda é o que está mais perto de uma boa moça. Mas a cena é de seu marido, repito, brilhantemente desenvolvido por Jamie Foxx, que revela o ódio e a sede de vingança por trás de seus olhos. Waltz está sublime como um homem espirituoso, frio e muito inteligente. DiCaprio, no papel de vilão, faz um dos melhores trabalhos de sua carreira: um branco rico e repugnante. Mas talvez o pior personagem seja o de Samuel L. Jackson, que o interpreta majestosamente: um escravo "privilegiado" que trata seus irmãos negros como lixo, que trai a própria raça.
Django Livre é uma viagem maravilhosa a um mundo horrível e negro do passado.

#ficaadica

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