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sábado, 20 de abril de 2013

As aventuras de Pi (Life of Pi) - 2012; uma fábula sensível

As aventuras de Pi (Life of Pi), lançado em 2012.
Um filme de Ang Lee.
Confesso que ao assistir Life of Pi esperava receber menos do que recebi. Eu já tinha ouvido falar que o filme tinha certa religiosidade, o que me desagradava, sou ateu confesso, e dos mais cépticos; mas o meu medo é que a película não passasse de um monte de falso esoterismo forçado.
Que tolo fui em subestimar Lee.
A religião está ali, mas colocada de um modo muito interessante, abstrato. Não é uma história que remete a religião, e sim à Deus, e de forma natural. Claro que não foi capaz de me fazer acreditar sequer um segundo na existência Dele, e nem o filme tinha essa pretensão, não é exatamente um conto sobre uma busca à espiritualidade. Talvez seja algo como "um filme para encantar qualquer ser humano, e para reforçar alguma fé de quem a tenha".

No Canadá moderno um romancista é induzido a conhecer "Pi" Patel, um imigrante indiano, a fim de ouvir a história de sua vida. E ele conta. Ficamos a saber da origem de seu apelido e de alguns acontecimentos que moldaram sua personalidade. Criado pelo dono de um zoológico, ele desde criança aprende a admirar alguns animais. Mas em determinado momento ele e sua família decidem emigrar para o Canadá em um cargueiro e levar alguns dos animais mais valiosos para serem vendidos. Nessa viagem uma tempestade afunda o navio e Pi acaba dentro de um bote salva-vidas, acompanhado somente por um tigre de bengala chamado Richard Parker .

Não espere verossimilhança aqui, é tudo bem fantasioso, improvável. Mas a história é tão bem conduzida que você "acredita" nela. Você a aceita, simplesmente; se deixa levar. Fiz de conta que acreditei que no manual do bote tinha instruções para se salvar caso estivesse com um fera carnívora, e não me arrependi.
Baseado num best-seller considerado como inadaptável, Life of Pi é uma narrativa de como um rapaz sobreviveu à um naufrágio acompanhado no bote por um tigre. E não é um tigre da Disney, é um animal acima de tudo, com fome e com instinto assassino, ponto que foi moldado de modo inteligente na cena da cabra sendo devorada.
Pi é um garoto ingênuo, e de repente começa a se ver rodeado de morte, de tragédia. Só lhe resta a esperança, a inteligência, alguns mantimentos, e o tigre. E um dos pontos fortes da película é o desenvolvimento destes dois personagens: eles se tornam amigos, se é que podemos usar tal palavra, como um tigre e um homem poderiam se tornar.
Diversas vezes o animal ameaçou Pi, e a ele também não faltaram algumas oportunidades de se livrar do tigre, mas ele era sua única companhia, seu único amigo vivo, ainda que ameaçador. Pi não sobreviveria mais de 270 dias à deriva se estivesse na total solidão. Lee quase sempre aborda o tema da solidão e seu peso na alma humana em seus filmes. Pi ainda vai se bronzeando, emagrecendo e amadurecendo, tornando-se sábio; fruto de um trabalho muito legal de Suraj Sharma.

Os aspectos técnicos são outras maravilhas: Richard Parker é um tigre criado em computador, um modelo 3D, tão bem criado, tão real. E o filme é uma sucessão de fotografias vislumbrantes (embora a maioria também seja computação gráfica, o que não consegui ver como um problema). Sem dúvida é um filme bonito de se olhar. A trilha sonora, na maioria das vezes, também é bem vinda.

É difícil descrever o encantamento que Life of Pi causa, é preciso vê-lo com sensibilidade apenas; não é fácil compreender porquê gostamos dele. Só gostamos. Tem tanta coisa e pessoas na vida que gostamos e não sabemos o porquê, e aceitamos isso.

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