Um filme de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.



Whisky(nome originário de um costume uruguaio de dizer "whisky" na hora da fotografia, de modo a forçar um sorriso; semelhante ao "Xis" brasileiro) é um filme sobre aparências, solidão e vidas vazias.



Não é difícil perceber que os dois irmãos são praticamente estranhos entre si. Após anos sem se verem se cumprimentam com um aperto de mão seco, trocam presentes por obrigação e seguem calados. Aparentemente há entre eles alguma mágoa, remoída sobretudo por Jacobo; talvez pela ausência do irmão nos difíceis últimos dias de vida da mãe, talvez inveja por ele ser mais bem sucedido, talvez por ele ter excluído totalmente o Uruguai de sua vida ou talvez tudo isso. O certo é que ele quer parecer estar melhor do que realmente está diante do irmão. Nisso entra Marta na história, a fingir ser sua esposa. Inventam uma lua de mel, tiram uma fotografia juntos e dormem no mesmo quarto. Ela por sua vez é uma mulher tão solitária e sem perspectivas quanto o patrão, mas parece sentir algo por ele. Ela aceita participar da farsa com uma expressão de melancolia, resignação e alguma esperança. Ele talvez também guarde algum afeto incomunicado. É um filme de poucas palavras mesmo, conduzido muito mais pelas expressões faciais sutis do trio de atores principais. Quanto a Herman é o mais alegre e jovial dos três, embora pareça às vezes que assim como o irmão está a fingir e que na verdade é menos feliz do que tenta parecer. Pelo sim, pelo não, é um homem mais falastrão e mais bem encaminhado que o irmão. Diferente do resto do mundo ele olha para Marta e ouve o que ela diz, o que mexe com o coração amargurado dela e parece causar ciúmes no irmão. Procura também, de alguma forma, se redimir com o irmão por sua ausência.

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