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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Preto e Branco em Cores (Noirs et blancs en couleur) - 1976; protesto contra a guerra

Preto e Branco em Cores (Noirs et blancs en couleur), lançado em 1976.
Um filme de Jean-Jacques Annaud.
Apesar de não ser dos mais bem feitos e mais memoráveis filmes anti-belicosos, esta obra costa-marfinense vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro tem seu valor. Nos levando para o continente africano da Primeira Guerra mundial, Annaud ridiculariza o colonialismo, a segregação racial e sobretudo a estupidez que é a guerra.

Num vilarejo duma colônia francesa no oeste africano, onde colonos franceses e alemães convivem em paz, chega a notícia, como meses de atraso, do início da Primeira Guerra, onde os dois países são adversários declarados. Num acesso de patriotismo, os colonos e missionários franceses armam um ataque contra o assentamento alemão, onde os negros nativos, claro, é que levam chumbo.

Preto e Branco em cores é cheio de sátiras e de ironias. Além de personagens brancos estúpidos, meio estereotipados, - tirando nosso protagonista Hubert, o geógrafo inteligente e lúcido que logo deixará de ser - e alienados com um conceito vago e superestimado como o patriotismo (leitura recomendada: Prisão Patriotismo), Annaud constrói cenas absurdas, cômicas, para mostrar a estupidez de tudo aquilo: guerra, colonialismo, divisão racial, catequese. E não faltam também as falas cheias de graça que aprofundam estas considerações.

Entre homens medíocres gritando "Vive la France" e batendo o pé de raiva ao ver que os nativos, naturalmente, estão cagando e andando para a França; 
missionários preguiçosos se equilibrando sobre uma bicicleta por meio de divina interferência (do "bom e verdadeiro" deus cristão, claro está, não dos "imaginários" deuses tribais) ou elogiando uma canção que não entendem e que os ridicularizam; 
bom cidadão, tão ciente de suas obrigações enquanto filho da pátria, escondendo mantimentos; 
moça branca, que antes aparecera quase nua na janela às vistas dos serviçais, se remoendo de dor de cotovelo ao ver uma negra se casar com o homem branco mais poderoso do vilarejo;
e a aristocracia indo a um piquenique em hora imprópria;
o filme é um show de humor negro a criticar o imperialismo europeu. É quase um MASH, que foi lançado apenas seis anos antes.

Talvez nunca se tenha, num filme, deixado tão claro o desprezo dos colonos sobre os colonizados. À França e a todo o resto de países imperialistas que na época ainda tinham posses no continente africano, o que lhes importava era os bens que pudessem tirar. Estavam se lixando para os neguinhos e sua "falta de cultura e civilidade". Tanto é que no final brilhante do filme, vemos como tudo aquilo não passava mesmo de trocas de terra. 

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