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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Teta Assustada (La teta assustada) - 2009; as cores e a pobreza dos subúrbios de Lima

A Teta Assustada (La teta assustada), lançado em 2009.
Um filme de Claudia Llosa.
Vencedora do Urso de Ouro, esta película de Claudia Llosa - sobrinha do Nobel de Literatura - é belíssima. No estilo cinema-contemplação, a cineasta constrói belíssimas imagens que contam uma história baseada no folclore peruano, no sofrimento da guerra e na subjugação das mulheres.

Fausta é filha de uma mulher que foi estuprada durante os conflitos guerrilheiros nos anos 80. Segundo tradições de povo, ela sofre de "Teta assustada", medo passado de mãe para filha através do leite materno, já que ela tem medo de homens que não sejam da família e é calada. Ela vive com uma batata inserida na vagina, na esperança de isso a proteger de possíveis estupros. Quando sua mãe morre, ela precisa enfrentar o mundo e arrumar um emprego para pagar as despesas funerárias, que incluem transportar o corpo para o vilarejo natal de sua mãe.

Tirando Luz Silenciosa, que é mexicano, ainda não tinha visto um filme latino americano como este. O que gosto de chamar de cinema-contemplativo - filmes lentos, de poucas falas e tramas banais, mas de belíssimas imagens e cheios de poesia ou de genuínos dramas humanos - é mais presente na Europa e Japão. Mas não poderia querer mais do que vi neste de Llosa.

Adentrando o mundo indígena e pobre dos arredores de Lima, a cineasta retrata de maneira belíssimas os costumes, as cores, as alegrias e as desgraças de um povo. Retrata o modo com o qual lidam com a morte. E traz à tona um passado trágico e sangrento da história peruana, desconhecida por boa parte do mundo. Através de planos-sequências, tomadas lentas com câmera estática posicionada a distância ou em close, exploração de detalhes do cenário, entre outras técnicas, a cineasta dita o ritmo e a estética do filme.

Além disso, no rosto sofrido e nos olhos expressivos de Magaly Solier, a atriz que interpreta Fausta, se vê o velho e eterno drama feminino que é o medo da violência sexual. Ela cresceu ouvindo os lamentos em forma de canto de sua mãe. O filme começa com uma dessas narrativas cantaroladas que descrevem o trauma e o horror vivenciadas por ela nas mãos dos terroristas.
Mais tarde esse costume de cantarolar o cotidiano, aprendido por Fausta, vai despertar a cobiça de um mundo onde também as mulheres se fazem mal.

Algo importante aconteceu no cinema peruano com este filme. O Urso de Ouro está aí para provar.

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