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sábado, 21 de fevereiro de 2015

21 gramas (21 grams) - 2003; morte e remorso

21 gramas (21 grams), lançado em 2003.
Um filme de Alejandro González Iñárritu.
O mexicano Iñarritu tem um gosto pelas narrativas não-lineares e ou tramas paralelas que convergem para um ponto em comum. Seus três primeiros filmes, Amores Brutos, 21 gramas e Babel seguem o estilo e inclusive são considerados uma trilogia "da morte" (ou "do caos"). E este não perde em qualidade e intensidade para os outros dois (embora meu predileto do diretor ainda seja o primeiro).

Jack Jordan (Benicio del Toro) é ex-presidiário e anda muito religioso. Tem uma família e luta contra o alcoolismo. Paul Rivers (Sean Penn) está morrendo e precisa de um coração novo. Mesmo assim sua esposa Mary (Charlotte Gainsbourg) quer um filho com ele. Cristina Peck (Naomi Watts) tenta se livrar das drogas mas tem o marido e as duas filhas mortos atropelados. 

Iñárritu conduz seu filme com grande sensibilidade. E com crueza. Toda a desgraça e melancolia do longa não visa sentimentalismo e melodrama. Mas sim criam uma atmosfera pesada de angústia e sofrimento. O longa é um estudo sobre remorso, perdão e auto-perdão, O poster acima indaga: quanto pesa a culpa? E de fato não é muito leve. Aceitar os erros e superar o passado não é tarefa fácil. 

Além disso a película é também um estudo sobre como lidamos com a morte, sobre o sofrimento dos que ficam. O tom existencialista desta obra se revela já no título, conceitual. 21 gramas é o suposto peso da vida humana, ou mais explicitamente, da alma. Logo ao morrermos perdemos essa massa, segundo um experimento sem reputação realizado há mais de um século por um médico americano. 

Em um tom realista, cru, com câmera na mão e fotografia ruidosa, o cineasta lança seu olhar intrusivo sobre seus personagens autodestrutivos. A narrativa fragmentada e que pula no tempo o tempo todo deixa o filme um pouco difícil de acompanhar, sobretudo até compreendermos o estilo. Mas a montagem é muito bem feita e logo o desconforto desaparece e dá lugar a envolvimento.

O trio Benicio del Toro (a princípio pensei que era o Brad Pitt, juro, mas este atuou foi em Babel), Sean Penn e Naomi Watts surpreende. O primeiro não deixa o personagem ambíguo cair no estereótipo ou na antipatia do público. O segundo faz realistas as ações pouco críveis de seu personagem amargurado (mas é dispensável o monólogo pseudo-filosófico e melodramático em voice-over). E a belíssima Naomi Watts, a que mais sofre, oscila muito bem entre a raiva e a desilusão.

Não é à toa que Iñárritu tenha tantos fãs. Vi todos seus longas, com exceção de Birdman (post em breve) - que é um dos favoritos ao Oscar de amanhã  - e todos são muito bons.

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