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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Uma mulher sob influência (A Woman Under the Influence) - 1974; a mãe que enlouqueceu

Uma mulher sob influência (A Woman Under the Influence), lançado em 1974.
Um filme de John Cassavetes.
Cassavetes é um dos grandes e influentes nomes do cinema norte-americano. Considerado o pai do cinema independente, seus filmes eram produzidos de forma autônoma e com orçamento bastante reduzido, mais até do que hoje se chama de cinema independente e que caiu no gosto do público a partir do início dos anos 90. Mesmo antes dessa popularização, Cassavetes já tinha seus admiradores. A Woman Under the Influence é um de seus mais notórios filmes.

Mabel (Gena Rowlands) é uma dona de casa neurótica que tem parecido mentalmente desequilibrada para o marido Nick (Peter Falk), um construtor civil, alguns de seus colegas e até para os filhos pequenos. Numa noite em que Nick não volta para a casa, após um imprevisto no trabalho, Mabel, que se preparara para terem uma noite romântica, tem um surto nervoso e leva um homem estranho para sua casa. No dia seguinte Nick leva os colegas para comerem em sua casa e a mulher se comporta de modo que constrange o marido, cada vez mais ciente de que a esposa precisa de cuidados psiquiátricos.

Uma mulher sob influência é impactante. Nele entramos sem ser convidados no universo instável de uma família de classe média baixa, e ficamos lá a observar tudo o que ocorre entre aquelas paredes, ainda que aquele não seja nosso lugar. Há uma tensão muito grande ao longo de todo o filme, sempre há um clima desconfortável, que prenuncia que maiores dramas estão por vir, sejam de natureza psicológica sejam físicos e violentos.


Mabel não é pura e simplesmente louca, ela também é afetada por todo o ambiente no qual está inserida. Além da predisposição patológica, ela é afetada pelas pessoas que não acreditam na sua capacidade de ser mãe, pelas constantes visitas dos colegas do marido, que não são da família nem lhe são íntimos mas que acabam por saber muitos dos assuntos internos de sua família, pelos parentes que aparecem em hora imprópria apenas para observar, pela pouca atenção que recebe do esposo que ela tanto ama. Gena Rowlands é intensa. Mabel é imprevisível, paranoica, bipolar; oscila entre o total desequilíbrio e um grande afeto e atenção com o marido e com os filhos; e Rownlads, que era esposa de Cassavetes, caminha bem entre esses extremos, cheia de exageros sentimentais e tiques nervosos, risos, choro e gritos. E o diretor com planos-sequências e câmera na mão explora ainda mais a intensidade da personagem. Já Nick, vivido por Peter Falk, é o típico pai de família dos anos 70: viril, dominador e ciumento. Entre gritos e safanões ele tenta acalmar a mulher, lhe dar algum juízo, receber atenção dos filhos. Quando eventualmente precisa cuidar das crianças sozinho, mostra-se tão ou mais disfuncional e mal-sucedido que a esposa. 

Aqui os personagens moldam a história, não o contrário. O realismo é tanto que chega a parecer improvisação por parte do elenco, embora também o texto seja de Cassavetes. Uma família não é nada mais que um punhado de loucos com laços sanguíneos (ou não). Essa do filme apenas é pior em mascarar a loucura aos olhos dos outros.

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