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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Quando duas mulheres pecam (Persona) - 1966; enigmático e sombrio

Quando duas mulheres pecam (Persona), lançado em 1966.
Um filme de Ingmar Bergman.


Bergman foi para o cinema sueco o que foi o ABBA para a música. O mais conhecido cineasta daquele país é citado como influente por um punhado de grandes diretores, como Woody Allen, que chegou a fazer referências diretas a ele em alguns de seus filmes, David Lynch e Pedro Almodóvar. Persona é uma de suas mais famosas e cultuadas obras, sempre presente em rankings de melhores filmes da história do cinema.

Uma conhecida atriz, Elisabeth Vogler (Liv Ullmann), após uma série de apresentações de uma peça teatral, sem aparente motivo se cala completamente. Passa a ficar calada e imóvel numa cama, sem sinais de qualquer problema físico ou mental. Uma enfermeira chamada Alma (Bibi Andersson) é contratada para cuidar dela durante uma temporada numa casa de praia. Estas duas mulheres então se relacionam uma com a outra de modo bastante incomum.

Este foi meu primeiro contato com o cinema de Bergman. E achei mais intensa do que esperava baseado nas informações que tinha sobre o estilo do diretor. E também mais difícil. Persona  é uma obra enigmática como poucas outras chegaram a ser. Nada é definitivo, certeiro. Não se sabe se toda a trama é real, se é um sonho, um devaneio. Ele abre com uma sequência metalinguística, aparentemente sem nexo, surrealista, antes de envergar pela trama propriamente dita, sobre uma mulher que se cala e outra que fala pelas duas.

Descrente com o mundo e com sua existência de aparências (seja profissional ou emocionalmente, já que assim como a atriz que é precisa viver vários personagens, o ser humano que é a obriga a representar diferentes papeis na vida, como qualquer um de nós) Elisabeth se cala, na esperança de ser quem é. Mandada para cuidar dela, Alma, a enfermeira acaba se sentindo íntima da paciente, que ouve calada suas confidências. Nesses longos monólogos a enfermeira é uma porta aberta, despe sua alma e a deixa lá à vista do público e de sua interlocutora. Entre as duas há um jogo de atração e repulsa, de amor e de ódio. E as personalidades se confundem, as duas mulheres viram uma só, não se sabe quem é quem. Houve até alguns críticos e acadêmicos que disseram que Elisabeth e Alma são, respectivamente, a parte física e a espiritual de uma mesma pessoa, a primeira um corpo sem emoção, com um nome que lhe deram, que apenas tenta sobreviver (só falando algo num momento de grande ameaça física, reação institiva) enquanto a segunda é literalmente a alma, que sofre, que sente, que se alegra, que nos molda como seres emotivos e racionais.

Persona é um grande estudo psicológico sobre suas personagens. Íntimo e existencialista. Bergman sabia o que fazia. E tinha lindas técnicas visuais, já que além de intenso o filme também é visualmente lindo.

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