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sábado, 8 de novembro de 2014

Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!) - 2003; mentiras e mudanças

Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!), lançado em 2003.
Um filme de Wolfgang Becker.
Está aí um filme que divide opiniões. Alguns o veem como uma crítica ao socialismo, já que mostra o declínio da ideologia na Alemanha Oriental e mostra a suposta mentira que foi todo aquele governo. Outros veem o filme como uma nostalgia daqueles anos, que inclusive chegou a acometer vários alemães que viveram o antigo regime e se desiludiram, passada a admiração inicial, com o sistema capitalista. Creio eu ser uma mistura dos dois. Coincidentemente, é amanhã, dia 9/11/2014 que os alemães celebram os 25 anos da queda do muro.

Estamos na Berlim de 1989, a poucas semanas da queda do muro que dividiu a cidade entre parte socialista e capitalista desde a década de 60, no contexto da Guerra Fria e da divisão da Alemanha em duas. O jovem Alexander faz parte da juventude que se opõe ao governo e defende e a liberdade de viajar para o outro lado. Porém sua mãe, mulher de ideias socialistas que inclusive possui reconhecimento oficial do governo pela sua luta em favor da ideologia, ao ver o filho ser agredido pela polícia enquanto marchava, teve um ataque que a deixou de coma por vários meses. Debilitada após acordar, ela não pode sofrer choques emocionais, sob risco de morrer. Então o filho esconde dela a reunificação do país sob regime capitalista e tenta recriar um ambiente que permita enganar sua mãe quanto às mudanças pelas quais passou o país.
Nestes tempos onde duas dúzias de antas falam em erguer um muro a separar o Brasil em dois países independentes, o norte "petralha" que "quer ser Cuba" e o sul dos "trabalhadores" e "gente de bem" , este filme é ainda mais pertinente para ser visto. Esta comédia dramática de Becker explora a grande desgraça que foi a construção do muro. No auge da Guerra Fria, que polarizara o mundo entre capitalismo e socialismo, cometeu-se o absurdo de separar uma cidade com um muro de ódio que desuniu casais, amigos e famílias inteiras, por quase trinta anos ou para sempre.
No entanto é mais sobre o declínio da Alemanha Oriental e de todo o bloco socialista. Não é à toa que a queda do muro é o maior símbolo do fim da Guerra Fria. Através das mentiras que o jovem conta à mãe para poupá-la (e que para isso gasta um bom tempo e trabalho) é possível compreender melhor o que foi a vida dos alemães dos dois lados da fronteira e como a reunificação mexeu com as suas vidas. Bem como vivenciar junto aos personagens aquele período de transição. Transição que melhorou a vida das pessoas do leste por um lado (mais liberdade individual, direito à propriedade), mas que trouxe resultados negativos por outro (elevação do desemprego, fim das políticas sociais que garantiam um mínimo de dignidade e conforto a toda a população).
A discrepância era tão grande que ainda hoje, passados 25 anos, é nítida as diferenças sociais entre as duas partes de Berlim e há uma certa raiva entre eles.


No mais o filme diverte e emociona, embora bem menos que o esperado. Eu não engoli Alexander muito bem, pareceu-me um personagem fictício demais. E ainda preciso viver mais para decidir se uma mentira é mesmo justificável só porque é para fazer o bem a alguém.
No entanto tem-se que elogiar o cineasta pelo modo que conduz a trama, fluida, fácil de acompanhar, equilibrada. E também a tilha sonora de Yann Tiersen, o mesmo da trilha de O fabuloso destino de Amélie Poulain, inclusive a música mais famosa deste filme está em Goodbye, Lenin.

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