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sábado, 13 de setembro de 2014

Sideways - Entre Umas e Outras (Sideways) - 2004; nunca se bebeu tanto vinho no cinema

Sideways - Entre umas e outras (Sideways), lançado em 2004.
Um filme de Alexander Payne.
Alexander Payne parece mesmo ter um certo talento para os dramas adocicados. Aqui no blog já falamos de Nebraska e Os descendentes, filmes que exploram os personagens e seus problemas não tão amargos com um olhar mais bem humorado. São filmes balanceados, entre o drama e a comédia. Em Sideways a proeza se repete. 
Uma dupla de amigos de meia idade, um divorciado e outro que está prestes a se casar, saem em uma viagem de despedida de solteiro pela região vinícola do oeste dos EUA. O divorciado é enófilo (amante de vinhos), mas amargurado com sua vida. Mesmo após dois anos não se recuperou da separação e peregrina de editora em editora tentando publicar um livro seu. O outro é um ator de certo sucesso que gosta de curtir a vida. Durante a viagem eles conhecem duas mulheres que mexem com eles.

Payne tem carinho por seus personagens. A dupla de ex-colegas, metida numa crise de meia idade onde um não sabe o que fazer da vida depois de terminar o casamento e o outro não sabe o que será feito da sua quando se casar, ganha humanidade nas mãos do diretor e roteirista e na pele de um Paul Giamatti e Thomas Haden Church ótimos.
Miles é sozinho, amargurado, um tanto careta e que já não sabe seduzir. Jack é galanteador, brincalhão e um tanto inconsequente. Um parece querer morrer logo; o outro viver uma vida inteira em sua última semana de solteiro. Não são os homens mais comuns que existem, mas não deixam de serem personagens verossímeis e empáticos.
A eles se juntam duas mulheres de mesma idade, que também já tiveram relacionamentos anteriores. Essas mulheres são um pouco diferentes entre si, mas parecidas com um dos homens. Stephanie (Sandra Oh) não está longe de uma versão feminina de Jack, é impulsiva, intensa, livre, sedutora, alegre. Já Maya (Virginia Madsen) é mais delicada, tímida, melancólica (embora não depressiva como Miles) e divide com Miles um amor por vinhos. Bebida que é importante na trama, que rende lindas fotografias de parreiras e adegas, que une pessoas, afoga mágoas, diverte e excita. Duvido que haja outro filme onde se bebeu tanto vinho. Duvido ainda mais que o vinho, falando de cinema, tenha tido maior homenagem. Uma cena linda é um diálogo onde Maya e Miles conversam sobre porque gostam de vinhos, há paixão e poesia nessas falas. Você pode não entender nada de vinhos, talvez nem gostar (o que é difícil), mas vai ver a bebida com mais carinho depois deste longa.

E contrário ao que costuma se ver em comédias dramáticas, aqui as passagens mais engraçadas provocam mais que sorrisos. São risadas francas. E não são lugares-comuns de road movies. Há até uma alfinetada naquele monstro, naquele homem horroroso, naquele George W. Bush.

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