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domingo, 10 de agosto de 2014

Z (idem) - 1969; duros tempos

(Z), lançado em 1969.
Um filme de Constantin Costa-Gavras.
Os anos 60 e 70 foram marcados por golpes políticos de extrema direita ao redor do mundo. No auge da Guerra Fria, o medo do comunismo levou ao poder diversas ditaduras, como o Golpe de 64 no Brasil e o Golpe de 73, no Chile, que instaurou a ditadura de Pinochet. Por diversos motivos, vários outros países na África, América Latina, Ásia e até na Europa, também ficaram sob ditaduras. Foi o caso da Grécia, em 67. 

Já em 69, exilado na França, o cineasta grego Costa-Gravas filmou Z, um filme denúncia sobre a instauração do golpe em seu país. Já no início há um aviso de que as semelhanças com fatos e pessoas reais é proposital. E se segue um thriller sobre a investigação da morte de um deputado da esquerda, assassinado por extremistas ligados à polícia num comício em 63.

Aqui Costa-Gavras não esconde suas ideologias. Nem abre mão das provocações. Os militares, antagonistas, se tornam um tanto caricatos em meio ao humor negro do cineasta. Desde os discursos inflamados onde comparam ideologias de esquerda a fungos saprófitos, ao cinismo que exibem ao se contradizerem ou se defenderem, são personagens ridicularizados por Gavras, anti militar. Não é atoa que foi proibida sua exibição no Brasil, que estava no ápice da censura.

Z tem um charme difícil de descrever. Talvez pelo seu tom de documentário (até porque a história é real), sua sobriedade e crueza. Com certa indiferença da câmera cenas brutais são filmadas. Apesar disso o diretor não fica distante de seus personagens. Closes em seus rostos são comuns, revelando o turbilhões de sentimentos que carregam.
Entre as investigações de um juiz interpretado por Trintignant e flash backs vai sendo montado um verdadeiro suspense sobre intrigas políticas. E as retaliações não tardam. Nem os atentados contra as testemunhas.

Não é um filme comunista, mas alfineta os governos totalitários que supostamente querem defender o povo "do horror e da barbárie comunista" cometendo excessos e crimes. Um erro pior no lugar de outro. Um tema pertinente desde que o mundo é mundo. E ainda hoje moderno e atual nessas democracias deficientes da maioria do mundo.

Os agitados anos 60 são retratados por uma trilha-sonora de Mikis Theodorakis de tirar o fôlego. Cortes rápidos de um trabalho excepcional da montagem aumentam a tensão e o sentimento de impotência diante de um tempo que passa voando. A câmera se movimenta muito, é inquieta. Foram anos de apreensão para o povo grego. E Costa-Gravas estava agitado e temeroso. Mas também esperançoso, como revela o título, que em grego antigo significa "vivo". Essa foi a receita de um dos melhores dramas políticos já filmados.

#ficaadica

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