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domingo, 17 de agosto de 2014

A Dama e o Vagabundo (Lady and the Tramp) - 1955; a Disney em seu ápice

A Dama e o Vagabundo (Lady and the Tramp), lançado em 1955.
Um filme de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske.
Um dos maiores clássicos da Disney está quase a completar 60 anos de idade. Dono do que provavelmente é a cena de animação mais icônica e reconhecida do cinema, a do macarrão, o filme exala doçura e algumas doses de ousadia.

Lady é uma cadela de raça criada por uma família de classe média alta. Ela é muito querida por seus donos e o centro da atenção da casa. Quando, porém, sua dona engravida, ela passa a ficar em segundo plano. Então aparece um cão vira-lata vagabundo por quem acaba por se apaixonar depois de se perder na cidade e ser ajudada por ele.

Lady and the Tramp é um filme belo. Riquíssimo visualmente, ele usa uma série de cenários diferentes para contar a história. E inteligentemente estes cenários tem humor próprio. As cenas alegres ocorrem em ambientes iluminados e coloridos, as mais pesadas em cenários mais escuros, sujos e feios, e até mesmo uma atmosfera romântica, com direito a noite enluarada, ajuda a criar o clima de paixão em determinadas cenas. Isso é algo que está e sempre esteve presente no cinema. Mas foi algo um tanto importante para uma animação na época, embora em trabalhos anteriores o estúdio Disney já tivesse feito isso, ainda que de forma não tão incrível como aqui. A parte visual incrível se estende também para as figuras dos personagens e em efeitos típicos do cinema convencional mas até então ainda pouco usados em animação: zoom, panorâmica de cenários, efeitos na transição de cenas, contra-plongées, travellings e câmeras distantes.
Junte isso aos detalhes que dão mais vida às animações (aqui os cães, como na vida real, se coçam e se espreguiçam e os ratos ficam sobre as duas patas traseiras).

O filme acontece sobre o ponto de vista dos cães, o que nos deixa ainda mais próximos aos protagonistas. Não é à toa que Lady chama seus donos de "Jim, querido" e "Meu bem": os dois se chamam assim, então a cadela aprendeu a chamá-los assim, não conhece seus verdadeiros nomes. Outra coisa que deixa claro isso de um mundo visto pelos olhos de um cão é que muito raramente vemos o rosto de um personagem humano. Na maioria das vezes só vemos suas pernas (efeito que é muito nítido também nos desenhos Tom and Jerry), que é como os cães costumam nos ver. Os cenários também sempre vão vistos de um ponto mais baixo, como se a câmera estivesse apenas alguns centímetros acima do chão, no nível dos olhos de um cão.

Se já não bastasse a riqueza visual e uma trama encantadora, há ainda alguns pontos um tanto ousados. Além de abordar o choque entre classes sociais diferentes (oposição entre cão de raça/vira latas, cão de família rica/abandonado, bairro de classe alta/subúrbio, coleiras que são como um atestado de nobreza/falta de coleira que pode condenar um cão à carrocinha), há até mesmo brincadeiras entre ideologias políticas (direita x esquerda): 

"Não precisamos de nenhum vira lata de ideias radicais"

Há também de se notar que o comportamento de Lady quando sabe da gravidez de sua dona é igual às teorias de Freud: o irmão mais velho sente ciúmes do bebê recém nascido, que recebe mais atenção por parte dos pais do que ele. No zoo o vagabundo remete a Darwin ao dizer que os macacos são muito parecidos com os humanos. E depois há até mesmo uma sutil conotação sexual que deixa a entender que a cadela, "moça virgem de família", "se tornou mulher".
Difícil não amar este filme.

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