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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Assassinos por natureza (Natural born killers) - 1994; a sociedade do espetáculo

Assassinos por natureza (Natural Born Killers), lançado em 1994.
Um filme de Oliver Stone.
A princípio não curti este filme. Isto é, algo nele me desagradava nos primeiros minutos. Mas depois de algum tempo de filme, quando entendi perfeitamente qual era a sua essência e premissa, passei a gostar bastante. Todo o absurdo e sensacionalismo que permeia Natural Born Killers tem um motivo de existir, é uma crítica ferrenha que o mítico Oliver Stone fez à sociedade contemporânea.

Mickey Knox (Woody Harrelson) e Mallory Knox (Juliette Lewis) são um casal de serial killers. Além de saírem pelo país a matarem brutalmente dezenas de pessoas, se aproveitam da fama que desenvolvem por meio da mídia que cobre suas ações. Quase instantaneamente os dois se tornam super estrelas da TV. Enquanto isso um policial quase tão psicótico está no rastro deles.

O filme é polêmico; e rendeu muita dor de cabeça para Stone. Ele pegou o roteiro de Tarantino e modificou, deixando-o ainda mais violento e irônico. O filme é uma forte crítica à sociedade do espetáculo e à exaltação da violência. Foi proibido em alguns países e o diretor foi acusado e processado por supostamente incitar a violência - e há relatos de crimes violentos supostamente inspirados pela obra. A originalidade e a ousadia do longa foi tanta que mesmo ele estando a completar 20 anos ainda é incomum e chocante.

Stone, que foi aluno de Scorsese e se declara inspirado por gente como Buñuel, juntou aqui o surrealismo de um com a violência dos filmes do outro. A saga de Mickey e Mallory tingindo o país de vermelho é mostrado com uma orgia de efeitos e técnicas de filmagem, edição, estilos narrativos e ideias. Nas mãos do cineasta a trama é construída com animações, flash-backs em formato de sitcom, e narrativa linear. O que por sua vez misturam preto e branco, filtros coloridos, saturação de cores, realce de objetos ou partes do cenário, etc. E isso tudo ainda cheio de movimentos bruscos de câmera e cortes rápidos. Parece exagerado. E é, mas com motivos.
Com tudo isso é possível saber o que é pensamento ou visão dos personagens, o que é realidade, o que é a visão do público que acompanha as ações dos dois com idolatria e admiração. Esse último ponto, muito mais que ilustrar a banalização da violência, mostra como a sociedade anda doente.

Apesar de tanto sangue, também é um filme bastante engraçado. A sátira social rende boas risadas. Ações absurdas e personagens estereotipados - vividos por um elenco afiado - comandam esse enredo sobre a podridão do mundo. Pena que houve tanta gente que não entendeu que a grande exaltação da violência que acontece na trama na verdade pretende é alfinetar a mídia sensacionalista americana (mas também serve para a brasileira - beijos pro Datena) e mostrar como isso é coisa de gente estúpida.

A menos que você não suporte violência explícita, é interessante conhecer essa joia dos anos 90.

#ficaadica

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