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sábado, 10 de maio de 2014

Glória Feita de Sangue (Paths of Glory) - 1957; insanidade e hipocrisia

Glória feita de sangue (Paths of Glory), lançado em 1957.
Um filme de Stanley Kubrick.
Kubrick no início de sua carreira. Ele já mostrava seu talento e potencial, tanto que Paths of Glory (baseado no livro homônimo de Humphrey Cobb), para muitos, é a melhor obra do diretor. E também um dos melhores do gênero de guerra, tornando-se um clássico quase obrigatório. 

Estamos na França durante a Primeira Guerra, onde tropas alemãs avançam até bem perto de Paris. O que os segura é uma trincheira francesa. Nesse cenário o alto escalão do exército francês organiza uma ofensiva contra o inimigo. A missão é suicida, mas é levada adiante devido às ambições do General Paul Mireau. A tropa francesa começa a ser abatida e alguns soldados permanecem nas trincheiras, fazendo com que Mireau ordene fogo contra eles. A ordem, ilícita, não é cumprida e para evitar problemas para si ele quer executar homens por traição, para servir de exemplo. Diante desse absurdo o Coronel Dax começa a procurar meios de salvar estes bodes expiatórios.

Kubrick claramente fez uma obra antibelicista. Sem maniqueísmos e sem enaltecer os bravos feitos de militares em batalhas - que na maior parte das vezes é que sustenta filmes do gênero -, o cineasta mostra aqui que a guerra não passa de uma insanidade e uma futilidade humana, onde não há verdadeira vitória, apenas injustiças, hipocrisias e perdas de ambos os lados: perdas financeiras, de vidas humanas e até de almas (não faltam exemplos no cinema e na literatura de como as guerras perturbam e devastam emocionalmente os sobreviventes por toda a vida). 
Kubrick nos mostra como conceitos como patriotismo, disciplina, hierarquia e subordinação são, na maioria das vezes, termos sem sentido e ultrapassados, que limitam a liberdade individual, abrem brechas para abusos e só são defendidos por um punhado de antiliberais rabugentos e envelhecidos. 

Em meio ao horror ele denuncia como os oficiais das forças armadas estão mais preocupados com suas reputações e carreiras do que com a segurança e integridade de seus subordinados, a ponto de tomarem decisões anti-éticas só para suprirem seus egos. De suas confortáveis mansões eles observam estáticos e indiferentes o sacrifício dos praças, metidos na lama e frio. Os próprios soldados, de tão traumatizados em meio à banalidade da violência, já não se abalam com injustiças e mortes, como mostra a inesquecível cena final.

Aqui, como é recorrente em sua obra, Kubrick constrói a trama num tom sarcástico. Há um certo humor negro aqui, embora nada explícito e escrachado como em Dr. Fantástico. Basta prestar atenção nos diálogos e observar alguns fatos e ações propositalmente absurdos (como o baile na véspera da execução) que estão presentes ao longo do filme para pescar esse tom irônico e ousado.

Os aspectos técnicos também são impecáveis, até porque o diretor era conhecido pelo seu perfeccionismo. A fotografia é fantástica e ousada, inovando nos ângulos e no foco. A direção dos atores também. Figurino, trilha sonora, cenografia e efeitos especiais também não deixam a desejar. Basta olhar para as bem dosadas cenas de ação/combate, entre várias outras.

#ficaadica

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