Um filme de Alejandro González Iñárritu.
É o trabalho de estreia do mexicano Alejandro González Iñárritu, que fez enorme sucesso mundo afora e consolidou a carreira do na época ainda desconhecido Gael García Bernal. Imediatamente após seu lançamento ele foi comparado com o Pulp Fiction de Quentin Tarantino, pois, assim como ele, Amores Perros explora subtramas banhadas de violência ou infelicidade e remorso e as costura de alguma forma, nem sempre respeitando uma cronologia lógica. Algo parecido com o que ocorre com outros filmes como Magnólia, Crash e Babel, este último também de Iñárritu.
A partir de um acidente de carro observamos a vida de algumas pessoas, antes e depois dele. É o rapaz que deseja a cunhada, cujo marido é assaltante; a modelo famosa que esconde seu relacionamento com um homem casado; um mendigo assassino de aluguel que perdeu o contato com a filha e tenta de alguma forma se reaproximar. Antes mesmo de suas vidas se cruzarem, o que tinham em comum era serem todos donos de cães. Animais que aparecem em todo a película, servem como gatilho para a trama e dão título à ela (perros = cães).
Apesar de possuir muitas semelhanças com as citadas obras, Amores Brutos não deixa a desejar em originalidade e estilo. Assisti-lo não traz nenhum tipo de dejavú, antes te leva por um terrível mas excitante e novo caminho cinematográfico que explora temas como violência urbana, culpa e redenção.
Aqui no blog sempre vos apresentei filmes que tratam da vida na cidade e as paixões e desilusões que isto causa. E sem dúvida é uma de minhas temáticas prediletas (acho que depois vou montar uma listinha para vocês). Amores Perros é um irrepreensível exemplar. Ele mostra toda a dinâmica de uma metrópole, no caso a Cidade do México, internacionalmente conhecida pelos seus altos níveis de violência e poluição. A cidade é um personagem importante aqui, onde milhares, milhões de pessoas se cruzam, cada uma com uma vida, uma história, uma individualidade, uma beleza que não conseguimos nem podemos verdadeiramente notar. Cada um segue seu rumo indiferente à qualquer tipo de relação de causa, de consequência, de efeito dominó, que uma vida pode ou não influenciar na outra. Afinal o mundo gira.
Com violência romântica, chocante, profana; com dramas nus e crus; entre amarguras, desilusões, sonhos e prazeres é que o diretor constrói essa incrível obra da sétima arte. E tudo é assustadoramente real. Os amores brutos são humanos.
Não bastasse a interessante e profunda trama (neste ponto o filme é superior a Pulp Fiction, pois aqui a violência é menos gratuita e o estudo dos personagens é mais amplo), que flui rápida, como a própria vida na cidade, a fotografia é maravilhosa (e o desconforto, a tensão, é aumentada com a câmera na mão), os cortes e closes são rápidos e a trilha de Santaolalla é ótima. Estilo que o diretor continuou carregando em obras posteriores. Não se pode também deixar de elogiar do trabalho de elenco como um todo, principalmente os de Bernal e Emilio Echevarría.
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