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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Fale com ela (Hable con ella) - 2002; amor, obsessão e morte

Fale com ela (Hable con ella), lançado em 2002.
Um filme de Pedro Almodóvar.
Aos poucos vou conhecendo a obra do espanhol Almodóvar; ainda não vi nenhum filme dele do qual não tenha gostado ao menos um pouco. Fale com ela é um de seus mais aclamados trabalhos. Como outros trabalhos do diretor, é recheado com uma trama peculiar - deliciosamente absurda, mas cheia de vida e temas densos - contada com estilo, destreza e uma fotografia viva (mas um pouco menos quente e colorida que a de outros filmes seus).

O enfermeiro Benigno, apaixonado em segredo por Alicia, cuida dela por anos, no hospital no qual ela vive de coma desde que sofreu um acidente. Paralelo a isso Marco conhece e se apaixona por Lydia, uma toureira transtornada com a recente separação de seu namorado. Uma tragédia aproximará essas quatro pessoas. Depois de juntas, outras surpreendentes reviravoltas abalarão ainda mais suas histórias.

Não é exagero dizer que dos realizadores vivos Almodóvar é um dos que tem mais talento para unir drama e comédia (mistura que poucas vezes vinga). Mais que isso, ele é, talvez, o único a nos entregar melodramas absurdos e receber de volta nossa gratidão. A maioria de seus filmes não teriam dado certo nas mãos de outros. Seus contos são improváveis, mas ele nos faz acreditar neles e nos arranca emoções sinceras.

Fale com ela não é diferente. Temos cobras na cozinha, mulheres toureiras sendo pisoteadas, enfermeiros que parecem gays mas que nutrem amores insolúveis por bailarinas moribundas, entre outras peculiaridades que juntas formam um enredo imprevisível até a última cena. 
Com grande sensibilidade ele nos apresenta dois homens que criarão uma amizade a partir da semelhança das tragédias que ocorreram em suas vidas. São unidos pela empatia de ambos amarem suas mulheres, embora lidem de modos distintos com a situação. Amor que é belo, mas egoísta. Porém esse é só mais um sentimento humano dos tantos que Almodóvar explora nesse filme - principalmente amor, compaixão e incomunicabilidade (por meio de metalinguagem, com outras formas de arte, ele mostra que a comunicação nem sempre depende de palavras, mas de sentimentos). Ele explora como poucos a alma humana e seus dramas, mesmo assim toda essa loucura da história rende um belo humor excêntrico que dá leveza à obra.
Sexualmente falando, este filme é mais leve quando comparado com alguns outros do diretor, mesmo assim ele aborda o tema, filma nus belíssimos e torna cenas sensuais quando isso parece improvável. Aliás, a sensualidade é uma de suas marcas registradas.
A fotografia aqui está um pouco mais sóbria (mas ainda assim, viva e alegre), a trilha sonora é certeira, a cenografia menos colorida mas impecável e o trabalho de montagem irretocável (há vários flashbacks). Do elenco merece destaque o trabalho de Javier Cámara (Benigno).

Só não entendi para quê tanta referencia ao Brasil. Um personagem cita Tom Jobim, Caetano aparece num show intimista cantando em espanhol um clássico do mexicano Tomas Mendez (cena belíssima) e há na trilha uma música de Elis Regina.

#ficaadica

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