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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Estômago - 2007; comer ou ser devorado

Estômago (Estômago), lançado em 2007.
Um filme de Marcos Jorge.
Mesmo com um roteiro cheio de falhas, comum no cinema brasileiro, Estômago agrada pela sua trama e seu estilo irreverente. O filme fez relativo sucesso em festivais internacionais, recebendo 16 prêmios, e no Brasil conquistou 20 nos principais festivais nacionais.

Acompanhamos a vida de Nonato (João Miguel), um nordestino estereotipado que foi tentar a vida em Curitiba, em dois momentos de sua vida. Trechos de uma trama e de outra nos mostra como ele conseguiu viver na cidade grande, como conquistou a prostituta por quem se apaixonou e como sobreviveu na cadeia: cozinhando.

O primeiro longa de Marcos Jorge funciona graças a seu humor e ao carisma de seus personagens. Chegando faminto e inocente na cidade, Nonato vai subindo na vida, controlando pessoas e aprendendo a se virar no hostil ambiente urbano, onde, a início, é uma presa. Na cadeia ele já estará maduro o suficiente para também conseguir o que deseja. Em ambos os casos ele se encontra num ambiente novo e hostil e consegue superar sobretudo por meio do talento que ele não sabia que tinha: o de cozinhar. Iniciando num boteco onde aprende a preparar quitutes, um chefe italiano (tinha de haver uma propaganda desse tipo num filme ítalo-brasileiro) vai convidá-lo a se juntar a equipe de seu restaurante e será o tutor que ensinará a Nonato a arte da culinária mais elaborada.

Mas se a trama de Estômago é capaz de cativar o público e manter a sua atenção com piadas e personagens interessantes, seja dentro ou fora da cadeia, o roteiro de Fabrizio Donvito e Marcos Jorge possui o maior vício dos roteiros brasileiros: diálogos medíocres e pouco críveis. Por exemplo, por mais que Giovanni ame a cozinha, o modo como ele ensina a Nonato os segredos da culinária, por meio de falas poético-filosóficas cínicas e longas histórias, não faz qualquer sentido. Duvido muito que se fosse real o chefe agiria daquela forma, fazendo caras e bocas e falando tudo aquilo. Esses furos também podem tornar a trama previsível, como no açougue quando Giovanni diz que a carne é como a bunda de uma mulher: previ o desfecho e não me enganei. Embora a fala sirva para dar sentido a um pequeno detalhe, ela poderia ter sido descartada ou pelo menos colocada de um modo mais sutil e uma única vez. O comentário da bunda se repete.
Mas Estômago agrada e mostra um caminho de acertos que o cinema nacional anda tomando.

#ficaadica

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