Um filme de Naomi Kawase.
Existe um certo tipo de filme que costumo chamar de "cinema de contemplação". É um tipo de filme que, para todos os efeitos, a grande maioria das pessoas não gosta e considera chato. São filmes monótonos, silenciosos, reflexivos. Podem ser poéticos e doces ou tristes e amargos. No entanto requerem um estado de espírito próprio do espectador; é preciso respeitar o tempo do filme, assisti-lo sem ansiedades e sem cobranças. Exemplos desse tipo de filme são Amor, O filho, Luz Silenciosa, A árvore da Vida entre outros. Se você já viu algum, deve saber do que estou falando. A floresta dos lamentos é mais um representante deste gênero.
Arrasada com a morte do filho, Machiko, uma enfermeira, vai trabalhar num asilo nas montanhas, ao lado de uma floresta. Lá ela conhece Shigeki, um senhor já um tanto senil, que há 33 anos sofre com a morte da esposa. Numa interação não verbal os dois vão criando um laço afetivo, sustentado pela dor em comum que sentem, e no aniversário do velho os dois vão dar um passeio, se embrenhando na floresta.
Arrasada com a morte do filho, Machiko, uma enfermeira, vai trabalhar num asilo nas montanhas, ao lado de uma floresta. Lá ela conhece Shigeki, um senhor já um tanto senil, que há 33 anos sofre com a morte da esposa. Numa interação não verbal os dois vão criando um laço afetivo, sustentado pela dor em comum que sentem, e no aniversário do velho os dois vão dar um passeio, se embrenhando na floresta.
Como já disse, não é um filme para todos os públicos. Nem entrou nos circuitos comerciais brasileiros. Exige uma certa paciência para contemplá-lo, mas não é um filme longo, pouco mais de hora de meia. Mogari no Mori é um filme sobre perdas. Perda da pessoa amada, perda de si mesmo. De morte mas também de vida. No meio de tanta dor silenciosa os nossos dois heróis se ajudam mutualmente: física e espiritualmente. Estão imersos na natureza, lugar cheio de vida, e ruminam sua dor em silêncio, lidam com medos internos e externos; entram num estado de purificação e de aceitação. Isso conduzido com maestria pela diretora japonesa Naomi Kawase. A delicada fotografia é feita com planos interessantes, a câmera se aproxima, se afasta, cria panorâmicas, contempla. A câmera parece estar sendo carregada pelo vento. A trama flui devagar, como um riacho calmo que corre nas sombras das árvores. É de uma poesia e simbolismo sutil e muito subjetivo.
#ficaadica
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