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sábado, 24 de agosto de 2013

As invasões bárbaras (Les invasions barbares) - 2003; as frustrações que antecedem a morte

As Invasões Bárbaras (Les invasions barbares), lançado em 2003.
Um filme de Denys Arcand.
Vencedor do Oscar de melhor filme em língua estrangeira, e ganhador do prêmio de melhor atriz em Cannes, para Marie-Josée Croze, este filme franco-canadense é simples e comovente, sem jamais apelar para o melodrama. Cheio de humor, ele mostra um dos personagens de O declínio do império americano à beira da morte. Não é preciso, no entanto, conhecer seu antecessor.

Rémy (Rémy Girard) é um velho professor de história, que em sua juventude amou o vinho, a política de esquerda e principalmente as mulheres. Agora ele está doente e seu filho Sébastien (Stéphane Rousseau), que mora em Londres, volta ao Canadá para ajudá-lo. Porém ele não acompanhou o crescimento do filho, por ter se divorciado, e agora as feridas de um e do outro começam a arder.

Les invasions barbares é um filme encantador, cujos personagens cativantes, ainda que cheios de defeitos, precisam perdoar uns aos outros e principalmente ser perdoarem. Rémy é teimoso, antiquado e mulherengo, mas também é inteligente e bem humorado, capaz de piadas ácidas e primorosas até no leito de morte. Ele nunca desistiu do filho, mas deixou sua presença de modo sutil, e agora o filho, que tem o oposto de sua personalidade, o procura no hospital a pedido da mãe. Mas aos poucos o ressentimento vai dando lugar a uma ternura, e o garoto, treinado no mercado financeiro, vai comprar o quê ou quem for preciso para dar uma morte tranquila ao pai. Seu maior feito será trazer alguns dos melhores e mais antigos amigos do pai para perto. Mas também irá cometer pequenos crimes, como subornar todo um hospital público superlotado, e conseguir heroína para amenizar a dor do seu velho. Nessa parte entra Marie-Josée Croze, como uma viciada na droga.
 
Os velhos amigos vão fazer o possível pelo bem-estar de Rémy e relembrarão de suas juventudes regadas a sexo e a ideologias políticas. Está aí um ponto positivo: o mundo é contemporâneo, tempo de conversar no computador por satélite, mas os personagens lembram com nostalgia de suas vidas; mesmo o doente que se questiona se sua vida valeu a pena e fez por merecer.

 O filme nos manipula para nos comover, mas com nada forçado ou absurdo, ele permanece honesto com seu próprio contexto. Expiação, perdão, nostalgia, morte.
A temática é o fim da vida, mas com uma ironia alegre, é uma pequena celebração dela. Engraçado; mas profundamente meditativo e sensível.

#ficaadica

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