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domingo, 17 de março de 2013

Sinedóque, Nova York (Synecdoche, New York) - 2008; surreal, confuso e brilhante

Sinédoque, Nova York (Synecdoche, New York), lançado em 2008.
Um filme de Charlie Kaufman.
De repente me vejo quase na mesma situação de quando tive de escrever uma resenha sobre A árvore da vidaTal como a obra de Malick, Synecdoche também me pareceu um filme estranho, demasiado surreal, meio sem nexo, difícil de compreender e de significados ocultos. Deliciá-lo exige a capacidade de ignorar alguns absurdos e falta de aparente sentido. O filme que marca a estréia do nosso conhecido roteirista Charlie Kaufman na direção, embora o roteiro também seja seu, traz todo aquele ar de absurdo dos textos anteriores do artista, que incluem primorosas obras de arte como Adaptação, Quero ser John Malkovich e Brilho eterno de uma mente sem lembranças

No entanto, enquanto em A árvore da vida fiquei cansado, implorando por um fim que não chegava, esperando algo do filme e nada acontecia e que definitavamente não me agradou, Sinédoque, New York prendia-me a atenção, tinha algo acontecendo o tempo todo e desde o começo notei que era um grande filme. Quando o terminei, ainda não havia compreendido tudo - e ainda não compreendo - mas tive a certeza de que era uma verdadeira pérola, talvez o melhor trabalho de Kaufman.
As semelhanças com The Tree of Life não param por aí: ambos dividiram opiniões do público e da crítica.
Enquanto um dos mais respeitáveis críticos norte-americanos colocou-o no topo de uma lista dos dez melhores filmes da década (Roger Ebert, que inclusive na capa acima tem um trecho de sua resenha), um outro também respeitado colocou-o numa lista dos dez piores do ano.

Numa pequena cidade próxima a Nova York vive um diretor de teatro muito bem sucedido, Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman). Hipocondríaco, ele se mostra bastante indiferente em relação à própria vida, ainda mais quando começam a aparecer estranhos sintomas clínicos. Sua esposa Adele é uma artista plástica que pinta em miniaturas. Os dois tem uma filha, Olive. Para uma apresentação de seu trabalho em Berlim, Adele leva Olive e sua amante, Maria. Mas sua família não volta. 
Enquanto isso Caden ganha um prêmio em dinheiro, que deve ser usado para produzir uma nova peça. Cada vez mais doente e totalmente neurótico, sentindo falta de sua filha, ele começa uma estranha empreitada, que consiste em produzir uma peça sobre sua própria vida infeliz e seus passos rumo à morte. Para isso ele começa a construir uma New York dentro de um galpão imenso e contrata milhares de atores e figurantes para representarem todas as pessoas que esbarram em sua vida, principalmente as duas mulheres com que se envolve depois da partida de Adele.

Entupido de auto-referencias e com um enredo difícil de acompanhar, agravado pela direção de alguém inexperiente, com dificuldade em manter o roteiro completamente fluido e interessante, Sinédoque é um filme absurdo, confuso e angustiante. Tirando algumas cenas hilárias, é carregado de melancolia e tristeza. A película fala sobre a vida humana e seu funcionamento, como também sobre a inevitabilidade do envelhecimento e da morte. Temos um homem infeliz, confuso, medroso, ás vezes arrogante, neurótico e doente, magnificamente apresentado por Philip Seymour Hoffman, que por este trabalho merecia outro Oscar.  O modo como ele desenvolve seu personagem é fora do real. E o resto do enorme elenco não deixa a desejar.
Em Sinédoque o tempo é extremamente relativado (mal notamos que já se passaram uns quarenta anos). Temos personagens duplos ("reais" e os atores), que vão muito, mas muito além de metalinguagem (parece, mas não é um filme sobre teatro). E o surreal inclui lágrimas artificiais, um casa em eternas chamas, uma psicóloga sexy e que escreve livros estranhos, um homem que por algum motivo espionou Caden por duas décadas.

Enfim, já anunciei minha dificuldade em escrever sobre este filme, não posso oferecer mais. Trabalho falho de quem não sabe escrever melhor. Só me resta dizer que é um filme fantástico, em todos os sentidos, que você poderá ou não gostar. Mas vá assisti-lo sabendo que fará sua cabeça girar.

#ficaadica

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