Um filme de Michael Bay.
Vi este filme ontem, e decepcionei-me. Apesar de ser um filme ruim - embora não de todo - acho que Michael Bay ainda foi mais feliz com Pearl Harbor do que com o desprezível Armageddon. Enquanto naquele não consigo me lembrar de uma única cena boa, neste daqui temos uma fita de cerca de 180 minutos, dos quais uns 50 valem um pouco a pena e o restante é uma chatice que deveria ter sido comprimido em meia hora, no máximo.
Mas em um momento do filme eu disse para mim mesmo: isto aí está tentando imitar Titanic, mais tarde vim a saber que isto não era um devaneio, e muitos outros críticos pensaram o mesmo. Michael Bay mistura a tragédia e horror com romance e outras distrações e abusa de uma trilha sonora, que valeria a pena ser ouvida num disco mas que não se encaixa na película, James Cameron fez algo bem parecido, a diferença é que Titanic deu totalmente certo e originou um grande filme, enquanto Pearl Harbor afunda na lama como afundou o Arizona no mar.
Rafe (Ben Affleck horriiiiiível no papel) e Danny (Josh Hartnett) são amigos desde infância e possuem uma paixão por pilotar aviões. E entram nas forças armadas como pilotos durante a II Guerra, em 1941, quando ainda os EUA não haviam entrado oficialmente no conflito. Rafe vai para a Inglaterra, sofre um acidente e supostamente morre (mas toda a gente sabe que não morreu). O problema é que antes de partir ele se apaixonou por uma enfermeira chamada Evelin (Kate Beckinsale) e viveu um romance com ela. Meses de luto se passam na vida de Danny e Evelin, até que começam um romance. Mas um belo dia Rafe volta e encrenca ao saber do romance. Pronto, está armado o triângulo amoroso sobre qual fala o filme. E estão os três na base militar de Pearl Harbor, no Havaí, que todos sabemos que foi atacado pelos japoneses e serviu para colocar os americanos na guerra. E inicia o ataque e Rafe e Danny precisam voar juntos e combater o inimigo.
O filme possui uma sequência de ação espetacular, no momento em que inicia o ataque japonês, com incríveis efeitos especiais e sonoros, tiros, explosões, quedas, sangue. São cenas tristes, mas divertidas (se é que posso usar o termo) e chocantes, o que se espera de um filme de guerra.
Porém temos mais de uma hora só para acompanharmos o início do relacionamento entre Rafe e Evelin, totalmente insosso e carregados de clichés e diálogos fúteis. Se não bastasse, ainda inserem várias piadas no roteiro. E não me lembro de nesse meio tempo ter parado de tocar alguma música ao fundo, sem dúvida uma trilha muito mal utilizada, usada em excesso. As músicas eram boas mas me irritavam, é até difícil explicar o problema com a trilha sonora, mas em suma foi mal utilizada.
Na verdade é uma obra banal sobre um triângulo amoroso, e o melodrama acerca disso não é pouco. Até Cuba Gooding Jr. faz uma pontinha e como uma distração interpreta um soldado negro que sofre preconceitos. Quase não vemos japoneses num ataque deles próprios, e os fatos históricos foram, mais uma vez, modificados.
Rafe, além de ser uma personagem antipático e ao estilo "eu sou o cara", ainda sofre com o trabalho de Affleck, que definitivamente não incorporou o papel. Já Evelin é estranhamente sensual e "boa menina" ao mesmo tempo (todas as enfermeiras, estranhamente, são bonitas e magras). Mas talvez seja uma das verdadeiras heroínas da trama, fazendo o que pode para ajudar os feridos. Uma pena que as cenas no hospital foram 'embaçadas' e não mostraram o verdadeiro horror e sofrimento da batalha, seria cenas interessantes. Mas o diretor e o fotógrafo não quiseram deixar o filme "pesado".
E quanto à semelhança com Titanic, saibam que temos cenas de naufrágio e depois fotografias do navio no fundo do mar, enferrujado e enlodado. Preciso dizer mais?
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